41-CIGANOS/HISTÓRIA-COSTUMES-CIGANOS NA UMBANDA..

OS CIGANOS

 

HISTORIA DO POVO CIGANO

 

A história do povo cigano ou ROM é ainda hoje objeto de controvérsia.

Existem várias razões que explicam a obscuridade que envolve a esse assunto.

 Em primeiro lugar, a cultura cigana é fundamentalmente ágrafa e despreocupada por sua história, de maneira que não foi conservada por escrito sua procedência.

Sua história foi estudada sempre pelos não ciganos, com frequência através de um cariz fortemente etnocentrista.

 

MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS

 

 Os primeiros movimentos migratórios datam do século X, de sorte que muita informação se perdeu, se é que alguma vez existiu.

É importante assinalar também que os primeiros grupos de ciganos chegados a Europa ocidental fantasiavam acerca de suas origens, atribuindo-se uma procedência misteriosa e lendária, em parte como estratégia de proteção frente a uma população em que era minoria, em parte como posta em cena de seus espetáculos e atividades.

 

Outro problema que se deve ter em conta é que a inserção (ou não) na comunidade cigana é uma questão disputada. Não existe uma delimitação clara dentro da própria comunidade (nem fora) acerca de quem é cigano e quem não o é.

 

As principais fontes de informação são os testemunhos escritos, as análises linguísticas e a genética populacional.

 

 

ORIGENS LENDÁRIAS

 

A procedência dos roma foi objeto de todo tipo de fantasias. Foram considerados descendentes de Caim, ou relacionados com a estirpe de Cam.

Algumas tradições os identificam com magos caldeus da Síria, ou com uma tribo de Israel fugida do Egito faraônico.

Uma antiga lenda balcânica os faz forjadores (ou ladrões) dos pregos da cruz de Cristo, motivo pelo qual teriam sido condenados a errar pelo mundo, se bem que não há qualquer evidência que situe aos ciganos no Oriente Médio nessa época.

 

PRIMEIRO MOVIMENTO MIGRATÓRIO DO SÉCULO  X

Os estudos genéticos e linguísticos parecem confirmar que os roma são originárias do subcontinente Indiano, possivelmente da região do Punjab.

A causa da sua diáspora continua sendo um mistério.

Algumas teorias sugerem que foram originalmente indivíduos pertencentes a uma casta inferior recrutados e enviados a lutar ao oeste contra a invasão muçulmana.

Ou talvez os próprios muçulmanos conquistassem os roma, escravizando-os e trazendo-os para o oeste, onde formaram uma comunidade separada.

 

Esta última hipótese baseia-se no relato de Mahmud de Ghazni, que informa sobre 50 mil prisioneiros durante a invasão turco-persa do Sindh e do Punjab.

 Por que os roma escolheram viajar para o oeste em vez de regressar para a sua terra é outro mistério, se bem que a explicação pode ser o serviço militar sob o domínio muçulmano.

 

O que é aceito pela maioria dos investigadores é que os ciganos poderiam abandonar a Índia em torno do ano 1000, e atravessar o que agora é o Afeganistão, Irã, Armênia e Turquia.

Vários povos similares aos ciganos vivem hoje em dia na Índia, aparentemente originários do estado desértico de Rajastão, e à sua vez, povoações ciganas reconhecidas como tais pelos próprios roma vivem, todavia, no Irã, com o nome de lúrios.

 

Partiram em direção à Pérsia onde se dividiram em dois ramos: o primeiro, que tomou rumo oeste, atingiu a Europa através da Grécia; o segundo partiu para o sul, chegando à Síria, Egito e Palestina.

 

No século XII, os ciganos enfrentaram o avanço dos muçulmanos, que tentaram impor sua religião na Índia [carece de fontes], e lutaram contra os Sarracenos por muitos séculos, inclusive durante a Idade Média.

 

Certas referências sugerem que as primeiras referências escritas da existência do povo rom são anteriores: um texto que relata como Santa Atanásia de Egina repartiu comida em Trácia a uns "estrangeiros chamados atsinagi" (do grego Ατσίνγανος') durante a escassez do século IX, em plena época bizantina.

 

                        ORIGEM DOS NOMES  "ZIGOREA" E "GITANOS"

 

 

 A ORIGEM DO NOME “ZINGAROS”

 

"Atsinganoi" foi um termo usado também para referir-se a adivinhadores ambulantes e ventríloquos e feiticeiros que visitaram ao imperador Constantino em 1054.

Mais tarde, seriam descritos como feiticeiros e malfeitores e acusados de intentar envenenar o galgo favorito do imperador.

A extensão desse termo geraria os modernos substantivos tzigane, Zigeuner, zingari e zíngaros.

 

ORIGEM DO NOME “GITANOS

 

Um  povo com características similares aos "atsigani" vivendo em Creta, existia um povo similar, com uma língua única, ao que chama "mandapolos", uma palavra que segundo se pensa deriva do grego "mantes" (profeta ou adivinho).

 Em 1360, um feudo cigano independente (chamado de Feudum Acinganorum) estabeleceu-se em Corfu e converteu-se numa comunidade estável, e uma importante e consolidada parte da economia.

 Dado que a região ocupada por essas comunidades rom era chamada "o pequeno Egito", os peregrinos que a atravessavam para ir à Terra Santa estenderam por toda Europa o apelido de "egipcianos", de onde procederiam os nomes de egiptanos, gitanos, gitans, egypsies e gypsies.

 

 

                         MIGRAÇÃO

 

Devido às frequentes guerras entre bizantinos e turcos, os roma iniciaram uma nova migração, a primeira que está documentada.

 

                        PEREGRINAÇÃO. 

 

Partindo de que os ciganos abandonaram o Subcontinente Indiano, e dali passariam pelo Irã, supõe-se que mais tarde tomariam duas rotas. A primeira, desde a Armênia até Bizâncio (o que explicaria a presença de vocabulário greco-bizantino na língua dos ciganos). A outra rota, através da Síria e Oriente Médio e o Mediterrâneo (da que ficariam vestígios de vocabulário árabe). Em sua estadia nos Balcãs, a língua cigana absorveu o vocabulário germânico, mas a ausência desse resto linguístico nos ciganos espanhóis faz pensar que a migração dividiu-se em dois.

 

                       PERSEGUIÇÃO

 

O século XVI pode ser considerado como a idade de ouro dos ciganos na Europa.

 Vagavam de cidade em cidade, e se bem é certo que foram expulsos com frequência, haveria que esperar ao século XVI para que se desatasse uma onda de perseguição só comparável ao anti-judaísmo secular dos europeus.

No século XV, os estereótipos negativos ainda não estavam enraizados, e entre a hostilidade e a fascinação, a cultura cigana dispersou-se pelo continente, misturando-se com as culturas e línguas locais.

 Lentamente, foi-se convertendo em um desafio para os poderes estabelecidos, para a população sedentária e para a religião dominante.

 

                    EXTERMINIO

 

O auge do nazismo e os excessos da Segunda Guerra Mundial fartaram-se com a crueldade com os ciganos.

Tomando como base os censos anteriores, o Centro de Investigação para Higiene Racial e Biologia Populacional do Reich começou a analisar a questão cigana. Depois de uns momentos de dúvida, nos que se esteve perto de classificar aos ciganos dentro da raça ariana, Hitler ordenou a sua internação, e finalmente a sua execução em massa.

Em língua cigana, chama-se a esse processo de extermínio "o porraimos", ou "porajmos", a destruição.

Como sempre, é desconhecido o número exato de vítimas. As estimativas vão desde 50 mil a 80 mil (Denis Peschanski, La France des camps, l'internement 1938-46, Gallimard, 2002, p. 379) até 500 mil a 1 milhão e meio.

 

                  RELIGIÃO

 

Os ciganos não têm uma religião própria, não reconhecem um deus próprio, nem sacerdotes, nem cultos originais. Parece singular o fato de que um povo não tenha cultivado no decorrer dos séculos crenças particulares em mérito à divindade, nem mesmo formas primitivas de tipo antropomórfico ou totêmico.

 O mundo do sobrenatural é constituído pela presença de uma força benéfica, Del ou Devél, e de uma força maléfica, Beng, contrapostas entre si numa espécie de zoroastrismo, provável resíduo de influências que esta crença teve sobre grupos que em época remota atravessaram a Pérsia.

  São devotos de Sta Clara Kaly

 

 

              ORAÇÃO A STA CLARA

 

 

Santa Sara minha protetora, cubra-me com seu manto celestial.

Afaste as negatividades que porventura estejam querendo me atingir.

Senhora, protetora dos Ciganos, sempre que estivermos nas estradas do mundo proteja-nos e ilumine nossas caminhadas.

 

Santa Sara, pela força das águas, pela força da Mãe-Natureza, esteja sempre ao nosso lado com seus mistérios.

Nós, filhos dos ventos, das estrelas, da lua cheia e do Pai, só pedimos a sua proteção contra os inimigos.

 

Ilumine nossas vidas com seu poder celestial, para que tenhamos um presente e um futuro tão brilhantes, como são os brilhos dos cristais.

Ajude os necessitados, dê luz para os que vivem na escuridão, saúde para os que estão enfermos, arrependimento para os culpados e paz para os intranquilos.

 

Santa Sara, que o seu raio de paz, de saúde e de amor possa entrar em cada lar neste momento.

 Dê esperança de dias melhores para essa humanidade tão sofrida. 

Santa Sara milagrosa, protetora do Povo Cigano, abençoe a todos nós, que somos filhos do mesmo Deus.

 

 

                                                  BANDEIRA DOS CIGANOS

 É o símbolo internacional dos ciganos.  Possue 3 cores: o azul representa a LIBERDADE, pois o povo cigano ama a liberdade.

O verde representa ochão onde esse povo caminha.

A roda de 16 aros representada pela roda da carroça com a qual os ciganos percorrem o mundo.

Curiosidade: Na bandeira da India existe uma roda com 24 aros que representa o movimento e a criação" Sansara" o ciclo da vida

 

 

 

 

             TRIBOS (CLÃS)

 

        Na verdade, de concreto, sabemos que os Ciganos (ROM, o homem cigano; ROMLI, a mulher cigana) agrupam-se em 7 (sete) grupos ou famílias:

 

·        KALDERASH

 

·        MOLDOWAIA

 

·         SIBIAIA

 

·        RORARANÊ

 

·        HITALIHIÁ

 

·        MATHIWIA

 

.        KALÊ

 

             HÁBITOS

 

(A cultura Cigana nos oferece belos exemplos, que infelizmente a nossa cultura dos não ciganos (GAJE , homem não cigano; GAJI, mulher não cigana) parece ter esquecido nos atropelos da vida moderna.

Dentre eles destaca-se o respeito e amor aos mais velhos, o amor e cuidados com as suas crianças, o sentimento de família.

Para eles o velho representa a fonte de sabedoria e experiência que deve ser ouvida e acatada.

 A criança representa a possibilidade de continuidade, a certeza da preservação de sua cultura. Certamente não encontraremos um velho cigano em um asilo, nem tão pouco uma criança cigana em um orfanato, sequer abandonada pelas ruas.

Uma cigana nunca pratica voluntariamente o aborto.

O casamento para o Cigano representa a garantia da preservação.

Um casamento entre o povo cigano é sempre muito comemorado, pois representa uma oportunidade de reunião e de alegria; não devemos esquecer que o cigano é acima de tudo um povo alegre, que gosta de dançar, de festejar.

 Geralmente). Atribuímos ao povo cigano o Dom de ler a sorte através das cartas (cartomancia) ou da leitura das mãos (quiromancia), mas eles são um povo com uma habilidade privilegiada para a música.

 Muitos músicos famosos eram ciganos.

Dizem que um de nossos presidentes, aliás aquele que nos tempos modernos mais se envolveu com o abrir estradas e conquistar  o nosso próprio espaço era de origem cigana.

 

     Antigamente os ciganos viviam sempre em barracas e viajavam em caravanas; atualmente muitos deles tornaram-se sedentários, talvez até pelas contingências da vida moderna, mas mesmos estes procuram de vez enquanto acampar  para de alguma forma preservar uma tradição.

 

 A mulher cigana se casa cedo, em geral antes dos 20 anos. Os filhos são muito bem-vindos, já que a família é o valor mais importante para o cigano, seja ele de qualquer condição social.

Os casamentos ainda são acertados entre as famílias, mas hoje existe uma flexibilidade maior no sentido de ouvir os noivos, saber se eles desejam a união.

 

              OS CIGANOS NA ATUALIDADE

 

Hoje em dia tradições e modernidade  se mesclam entre o povo cigano. Vemos ciganos sedentários, com belas casas, profissões, estudando em faculdades, assim como ciganos que permanecem arraigados em seus hábitos e costumes seguem trilhando seus caminhos e desafios, pedindo respeito por seus costumes.

Somente o tempo nos dirá se essas tradições irão permanecer dentro das comunidades ciganas.

 

Conforme dados do censo de Ciganos do IBGE, de 2010, cerca de 800 mil ciganos viviam no Brasil, sendo que 90% deles eram  analfabetos, é havia  acampamentos ciganos em 291 cidades brasileiras.

De acordo com o manifesto, os ciganos não estariam incluídos em programas de assistência social de saúde, educação, tratamento dentário, vacinação e bolsa-família.

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