77-OMOLÚ/ OBLUAYÊ - SINCRETISMO - (1)

 

OMOLÚ / OBALUAIÊ

O mês de agosto na Umbanda é dedicado a Obaluaê, os terreiros enchem de pipoca e salão deste grande Orixá da Cura, saiba um pouco sobre esta divindade:

 

Obaluaê é uma flexão dos termos: Oba (rei) – Oluwô (senhor) – Ayiê (terra), ou seja, “Rei, senhor da Terra”. Omulu também é uma flexão dos termos: Omo (filho) – Oluwô (senhor), que quer dizer “ Filho e Senhor”.

 

OBALUAIÊ , o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador.

OMOLU, o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião.

Porém, ambos têm a mesma regência  e influência.

No cotidiano significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados  a mesma força da natureza.

 

 

 

 

 

Obaluaê (ou Omulu) é o Sol, a quentura e o calor do astro rei.

 

 

 

 

                                                             É o Senhor das pestes, das moléstias contagiosas, ou não.

 

 

É o rei da Terra, do interior da Terra, e é o Orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha – da - Costa), porque para os humanos é proibido ver seu rosto, pela deformação feita pela doença, e pelo respeito que devemos a este poderosíssimo Orixá.

 

 

 

 

  

Suas relações com os Orixás são marcadas pelas brigas com Xangô e Ogun e pelo abandono que os Orixás femininos legaram-lhe.

Rejeitado primeiramente pela mãe, segue sendo abandonado por Oxum, por quem se apaixonou que, juntamente com Iansã, troca-o por Xangô.

Finalmente Obá, com quem se casou, foi roubada por Xangô.

É um Orixá solitário.

 

REGÊNCIA

 

Omolu/Obaluaiê é senhor das doenças, orixá da renovação dos espíritos, rege os cemitérios, o campo santo entre o mundo material e o mundo espiritual

Obaluaê está no organismo, no funcionamento do organismo.

Na dor que sentimos pelo mal funcionamento dos órgãos, ou por uma queda, corte ou queimadura.

Obaluaê rege a saúde, os órgãos e o funcionamento destes.

A ele devemos nossa saúde e é comum, nas Casas de Santos, se realizar os Eboris de Saúde, que fazem pra trazer saúde para o corpo doente. 

O órgão central da regência de Obaluaê é a bexiga, mas está ligado a todos os outros.

Ele trata do interior, fundamentalmente, mas cuida também da pele e de suas moléstias. 

Divide com Iansã a regência dos cemitérios, pois ele é o Orixá que vem como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito desencarnado.

 É Obaluaê (ou Omulu) que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquela alma.

 

Obaluaê também é o Senhor da Terra e das camadas de seu interior, para onde vamos todos nós.

Daí a ligação que tem com os mortos, pois ele é quem vai cuidar do corpo sem vida, e guiar o espírito que deixou aquele corpo.

 

No sol também tem a sua regência.

Ele também é o Calor provocado pelo sol quente.

Há quem diga que não se deve sair à rua quando o Sol está quente sem a proteção de um patuá, a fim de não correr o risco e não sofrer a ira de Obaluaê, geralmente fatal.

 

Obaluaê está presente em nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade.

Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele.

Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos.

Rege aqueles que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os doentes.

 

Está presente nos hospitais, casa de saúde, ambulatórios, postos de saúde, clínicas, sempre próximo aos leitos.

Rege os mutilados, aleijados, enfermos.

Ele proporciona a doença mas, principalmente, a cura, a saúde.

É o Orixá da misericórdia.

 

Obaluaê é à força da Natureza que rege o incômodo de um modo geral.

Rege o mal estar, o enjôo, o mal humor, a intranquilidade.

É o Orixá do abafamento e está presente nele, bem como na má digestão e na congestão estomacal.

Gera o ácido úrico e seus efeitos.

Obaluaê está presente em todas as enfermidades e sua invocação, nessas horas, pode significar a cura, a recuperação da saúde.

  

MITOLOGIA

 Filho de Nanã – que o abandou por ser doente – foi criado por Iemanjá.

É o irmão mais velho de Ossãe, Oxumarê e Ewá;

Orixá fundamentalmente Jeje, mas louvado em todas as nações, por sua importância.

Dono das lanças certeiras, quem era atingido tornava-se cego.

Quando se sentia desrespeitado mandava a peste.

Relaciona-se também com os espíritos contidos na terra. O colar que o simboliza é o ladgiba, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do Igi-Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas.

Usa também bradga, um colar grande de cauris. 

Seu poder está extraordinariamente ligado a morte. 

Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem.  

Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.

 

 

 

LENDAS

SOMOS TODOS IRMÃOS

 

Conta-se que, uma vez esquecido por Nanã na beira do mar, fora criado por Iemanjá, que curou das moléstias.

Cresceu forte, desenvolveu a arte da caça, tornando-se guerreiro e viajante.

 

Certo dia, numa de suas jornadas, chegou até uma aldeia, coberto de palha, como sempre viveu. Como todos conheciam sua fama, suas ligações com as moléstias contagiosas, foram barradas antes mesmo de penetrar na aldeia.

 

-Não o queremos aqui! -  disse o  dirigente da tribo.

 

- Mas quero apenas água e um pouco de comida, para prosseguir minha viagem. Apenas isso! – respondeu Obaluaê, ou melhor, dizendo Xapanã, nome pelo qual era chamado.

 

- Vá-se embora, Xapanã! Não precisamos de doença, nem de mazelas em nossa aldeia. Vá procurar água e comida em outro lugar!

 

E Xapanã, então foi sentar-se no alto do morro próximo.

A manhã mal começara e ele ficou, sentado, envolto em palha da costa, observando a subida do sol.

 

O tempo foi passando, as horas foram-se passando e, ao meio-dia, exatamente, o Sol já escaldante, tornou-se insuportável.

A água ficara quente, o alimento se estragava e toda a tribo se contorcia de dor, aflição e agonia.

Xapanã a tudo observava, imóvel, como um totem, como um símbolo de palha.

 

Na aldeia um alvoroço se fez.

Uns tinham dores na barriga, outros tinham forte dores de cabeça. Outros, ainda, arrancavam sangue da própria pele, numa coceira incontrolável.

Outros agiam como loucos incontrolados.

Aos poucos, a morte foi chegando para alguns.

 

Xapanã apenas assistia...

 

Parecia que o tempo havia parado ao meio-dia, mas, na verdade, foram três dias de sol quente, pois a noite não chegava.

Era apenas sol durante todo o tempo.

E durante todo o tempo a aldeia viu-se às voltas com doenças, loucura, sede, fome, morte!

 

Xapanã, inerte, via tudo, imóvel...

 

Não aguentando mais, e vendo que Xapanã continuava do alto do pequeno morro observando, o dirigente de aldeia foi até ele suplicar perdão, atirando-se aos seus pés.

 

- Em nome de Olorun, perdoe-nos!

Já não suportamos tanto sofrimento! Tente perdoar, por favor, Senhor Xapanã! Tente perdoar!

 

De súbito, Xapanã levantou-se, desceu até a aldeia e pisou na terra. Tornou-a fria. Tocou na água, tornou-a também fria; tocou os alimentos e tornou-os novamente comestível; tocou a cabeça de cada um dos aldeões e curou-lhes a doença; tocou os mortos e fez voltar a vida em seus corpos.

 

Restaurada a normalidade, Xapanã pediu mais uma vez:

 

-Quero um pouco de água e alguma comida para prosseguir viagem.

 

Num instante foi-lhe servido o que de melhor havia em toda a aldeia.

Deram-lhe, vinhos de palmeira, frutas, carne, legumes, cereais, enfim, o que tinham de melhor.

 

Voltando-se para os aldeãos, Xapanã deu-lhes uma lição de vida.

 

-Vivemos num só mundo. Sobre a mesma terra, debaixo do mesmo sol.

Somos todos irmãos e devemos ajudar uns aos outros, para que a vida seja mantida.

Dar água a quem tem sede, comida a quem tem fome é ajudar a manter a vida.

 

Voltou-se e partiu. Atrás dele o povo da aldeia gritava:

 

-Xapanã, Rei e Senhor da Terra! Xapanã, Obaluaê! Xapanã, Obaluaê! Xapanã, Obaluaê!

 

Obaluaê que sua benção e proteção nos seja dada sempre!.

 

DIA : segunda feira

DATA : 13 ou 16 de agosto;

METAL etal: chumbo;

 COR : preto e branco  e ou preto, branco e vermelho;

PARTES DO CORPO : a pele e os pulmões;

 COMIDA : deburú  (pipoca), abadô (amendoim pilado e torrado), Iatipá (folha de mostarda) e ibêrem (bolo de milho envolvido na folha de bananeira);

ARQUÉTIPO: sóbrios, reservados, generosidade destacada,  geniosos, independentes, teimosos, tendência ao masoquismo.

SÍMBOLOS: xaxará ou íleo (com que limpa as doenças e os males espirituais)

Fonte:Emidio de Ogum   

                                             

                                         SINCRETISMO  

 

SINCRETISMO- SÃO ROQUE

 

São Roque nasceu em Montpellier, no começo do século XIV. Aos 20 anos, ficou órfão de pai e de mãe.

Distribuiu parte da sua herança aos pobres e parte confiou a um tio.

Partiu depois em peregrinação para Roma. Durante a viagem procurava ajudar os necessitados, especialmente os doentes, vítimas da peste.

Após muitos anos na Cidade Eterna, Roque retornou à terra natal. Durante a viagem, foi atacado pela peste. Para não contaminar ninguém, refugiou-se na floresta. Contam que um cão roubava comida da mesa de um certo senhor e lhe levava cada manhã.

Desta maneira ele foi descoberto.

Ao chegar em Montpellier, foi preso e levado diante do governador, que era seu tio, mas não o reconheceu.

Esquecido por todos, morreu abandonado na prisão, depois de cinco anos.

Segundo a tradição popular, sua avó o reconheceu pela mancha em forma de cruz que trazia no peito.

São Roque abriu mão da sua riqueza para seguir uma vida próxima à Cristo. Ele se tornou santo por conseguir uma cura milagrosa sobre a peste negra que contaminou a Europa naquela época.

 

SÃO LÁZARO DE BETÂNIA

 

Lázaro de Betânia é um personagem bíblico descrito no Evangelho segundo João como um amigo que Jesus teria ressuscitado, irmão de Marta e de Maria.

Seu nome provavelmente do grego corresponde ao hebraico Eleazar (àìòæø), e significa literalmente "Deus ajudou".

 

De acordo com tradição católica, o Lázaro ressuscitado teria se dirigido a Provença depois da morte de Jesus em companhia de suas irmãs e de outras pessoas.

Ele também teria sido o primeiro bispo de Marselha.

Esta versão, porém, é contestada por historiadores 1 . Segundo registros históricos mais completos 2 , para escapar da perseguição, Lázaro teria se dirigido para o Chipre, se estabelecendo na então cidade de Cítio, hoje Lárnaca.

Lá foi nomeado bispo pelo apóstolo Paulo e viveu por 30 anos. Sua tumba original, feita de mármore, estava localizada no local onde hoje está a igreja de São Lázaro (Igreja de São Lázaro em Lárnaca).

De acordo com os registros históricos, os restos mortais de Lázaro foram levados para Constantinopla por ondem do Imperador Leo VI.

Porém, em 1972 foram encontrados remanescentes dos restos mortais de Lázaro escondidos na igreja atual. O local onde estes remanescentes foram encontrados está hoje preservado sob a igreja e é aberto para visitação.

Na Idade Média tornou-se o padroeiro dos leprosos.

 

  LÁZAROS NA BÍBLIA-“LÁZARO E O RICO

 

Como não existe a morte em nenhuma parte do universo estas energias divinas, são a prova da presença renovadora do poder de Deus na nossa evolução.

 São Lázaro é citado no Evangelho de Nosso senhor Jesus, em São Lucas 16. 19 a 31, disse Jesus: Ora, havia um homem rico que vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias, regalada e esplendidamente.

Havia também certo mendigo também chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico. Os cães vinham lamber-lhe as chagas.

E aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. E morreu também o rico, foi sepultado e levado ao Hades (quer dizer inferno), ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio.  Clamando, disse: Abraão, meu pai, tem misericórdia de mim e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.

Disse, porém, Abraão: Filho lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro, somente males; e, agora, este é consolado, e tu, atormentado.

E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá.

E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.

Disse-lhe Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.

Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.

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