PG 129-IROCO/TEMPO-SURGIMENTO- LENDAS E MUITO MAIS

 

 

                     

*NO KETU É CHAMADO DE IROCO.

*NA ANGOLA E CONGO É CHAMADO DE TEMPO, ZARATEMBO, ZARATEMPO.

 

DUAS LENDAS DA ORIGEM DO ORIXÁ

 

1)-LENDA- O INKÍCE TEMPO (ANGOLA)

Tempo era um homem muito agitado que fazia e resolvia muitas coisas ao mesmo tempo.

Entretanto, este homem vivia reclamando e cobrando de Zambi que o dia era muito pequeno para fazer e resolver tudo que quisesse.

Um dia, Zambi lhe disse: “Eu errei em sua criação, pois você é muito apressado.”.

Ele então respondeu a Zambi: “Não tenho culpa se o dia é pequeno e as horas miúdas, não dando tempo para realizar tudo que planejo”.

A partir desse momento, Zambi então determinou que esse homem passa-se a controlar o tempo.

Tendo domínio sobre os elementais e movimentos da natureza. Assim nasceu o Inkice Tempo.

 

                 

2)-LENDA- ORIGEM DE IROKO. (KETU)

Depois da primeira geração de ORIXÁS que vieram à Terra, ODUDUWÁ necessitava estabelecer seus domínios por mandados de OLÓFIN e então trouxe o menor de seus filhos IROKO.

 

(O que significa IROKO: IRO – príncipe mensageiro, KO de OCO da terra, príncipe que vem com uma missão ou encargo à Terra. A missão era levar ou trazer à Terra uma enorme ou frondosa árvore que seria o ILÉ (casa) de todos os ORIXÁS.)

 

IROKO, jovem e bonito, se dispôs a cumprir a missão (pois, não sabia que seria por toda a vida). Começou então o jovem a arrastar a árvore chamada ARAGBATA que é o significado de três palavras, ARA – é o que une os caminhos. ABA – sagrado e ATA – albergue (lugar sagrado de repouso para onde vão todos os caminhos).

 

Cinco homens unidos com seus braços estendidos não eram suficientes para rodear a árvores e sua altura chegava ao céu, mas IROKO continuou sua missão de empurrar a árvore por mandado de OLÓFIN, mas sua força na Terra já não era a mesma.

 

O tempo havia passado e ele havia começado a envelhecer, mas não chegou a desfalecer de cansaço. Assim se passaram os anos e continuava envelhecendo, já sem forças se encontrou com OGUE, quem o levou a casa de ORIXÁ-OKO e este lhe cedeu os bois, que o ajudaram até chegar perto do lugar onde se plantaria a primeira CEIBA, e os 16 (dezesseis) ORIXÁS terminaram empurrando e semeando a árvore em união de todos os ORIXÁS. IROKO, tão jovem a princípio, havia chegado muito ancião, sem forças nem para andar.

Ali ao pé de ARAGBÁ fizeram algumas oferendas e sacrifícios (por isso sua terra é sagrada).

 

                                       

Iroko é um orixá do candomblé Ketu. No Brasil, é associado à árvore conhecida como gameleira (Ficus insipida), enquanto que, na África, é associado à árvore Milicia excelsa. (É importante dizer que esta árvore faz parte do culto de Ifá e foi sobre ela que as feiticeiras pousaram e não tiveram sorte.) Corresponde ao vodum Loco no candomblé Jeje e ao inquice Tempo no candomblé banto.

No Brasil, Iroko é considerado um orixá e tratado como tal, principalmente nas casas tradicionais de nação Ketu. É tido como orixá raro, ou seja, possui poucos filhos. Raramente se vê Iroko manifestado.

Para alguns, possui fortes ligações com os orixás chamados Iji, de origem daomeana: Nanã, Obaluaiyê e Oxumarê. Para outros, está estreitamente ligado a Xangô. Iroko também guarda estreita ligação com as ajés, as senhoras do pássaro. Seja num caso ou no outro, o culto a Iroko é cercado de cuidados, mistérios e muitas histórias.

 

No Brasil, Iroco habita principalmente a gameleira (Ficus insipida). ( É importante dizer que esta árvore faz parte do culto de Ifá e foi sobre ela que as feiticeiras pousaram e não tiveram sorte.)

Na África, sua morada é a árvore Iroko (Milicia excelsa), que não existia no Brasil. Essa árvore é tida como sagrada e cuidada rigorosamente pelos filhos de santo que constantemente visitam e dão todo o tratamento que ela merece.

Para o povo Iorubá, Iroko é uma de suas quatro árvores sagradas normalmente cultuadas em todas as regiões que ainda praticam a religião dos orixás.

No entanto, originalmente, Iroko não é considerado um orixá que possa ser feito na cabeça de ninguém, o que não é regra, pois em algumas casas esse orixá é feito.

 

IMAGEM de IROCO NA arvore c crianças

Para os iorubás, a árvore Iroko é a morada de espíritos infantis conhecidos ritualmente como abiku e tais espíritos são liderados por Oluwere. Quando as crianças se vêem perseguidas por sonhos ou qualquer tipo de assombração, é normal que se façam oferendas a Oluwere aos pés de Iroko, para afastar o perigo de que os espíritos abiku levem embora as crianças da aldeia. Durante sete dias e sete noites, o ritual é repetido, até que o perigo de mortes infantis seja afastado.

 

O culto a Iroko é um dos mais populares na terra Iorubá e as relações com esta divindade quase sempre se baseiam na troca: um pedido feito, quando atendido, sempre deve ser pago pois não se deve correr o risco de desagradar Iroko, pois ele costuma perseguir aqueles que lhe devem.

 

Iroko/Tempo está ligado à longevidade, à durabilidade das coisas e ao passar do tempo, pois é árvore que pode viver por mais de 200 anos.

Iroko é um Orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra. Iroko é a própria representação da dimensão do tempo.

Iroko é o comandante de todas as árvores sagradas, o vanguardeiro, os demais Osa Iggi devem-lhe obediência porque só ele é Iggi Olórun, a árvore do Senhor do Céu.

 

Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna.

É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios.

 

Iroko/Tempo é implacável e inexorável. Governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.

Fontes: Eduardo T’Ogun e Mundo dos orixás

Iroko ou Tempo, como também é conhecido, é um Orixá muito antigo. Iroko/Tempo, foi a primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra.

Representa, assim, a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás.

 

SIMILITUDE DO ORIXÁ KRONOS/TEMPO GOM  DEUSES DA ANTIGUIDADE.

    

 

Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: Chronos e Kairos. Enquanto Chronos se refere ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido, Kairos refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, em Teologia é “o tempo de Deus”.

Cronos era considerado o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.

 

 MESOPOTANIA E BABILONIA

Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilônia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito.

 

EGITO

Cultuado no Egito como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte.

 

INCAS  VIRACOCHA E MAIAS

Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim,

 

NO CAMDOMBLÉ

                            

 Em geral na frente das grandes casas de candomblé, principalmente em Salvador, existe uma grande árvore com raízes que saem do chão, e são envoltas com um grande alá, o grande pano branco que envolve o mundo“, em alusão feita às nuvens do céu. Na copa dessa gameleira branca vivem as Yamis Osorongá, as feiticeiras da floresta e através dessa árvore todos os orixás desceram a terra.

Irôko, o Tempo é o “orixá do grande pano branco que envolve o mundo“, em alusão feita às nuvens do céu.

Irôko, o Tempo representa os ciclos da natureza ao longo de toda a eternidade, é o orixá que concede aos seres humanos somente aquilo que é de merecimento.

O cumprimento do carma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo está nas mãos de Irôko, o Tempo.

Invocado principalmente nas questões de difícil solução, como a iminência de morte de alguém, por exemplo.

Ele rege as obrigações de santo e ordena o mundo com precisão. Seu culto está intimamente ligado ao culto de Ossaim, o protetor e mestre no uso dos poderes das folhas. este é um IROKO, que é fundamental necessidade a sua existência numa casa de candomblé.

Conhecido também como LOKO, e no Brasil como Orixá da Gameleira Branca, onde é feito seu ritual e suas oferendas, esta árvore foi trazida pelos africanos, mas pela sua existência com certa facilidade em regiões litorâneas, é possível que já existisse no Brasil.

Este Orixá não tem qualidades, é conhecido na angola como Maianga ou Maiongá.

É a árvore primordial, a primeira dádiva da terra (Odudua) aos homens. Existe desde o princípio dos tempos e a tudo assistiu, a tudo resistiu, a tudo resistirá.

Iroko é a essência da vida reprodutiva e do poder da terra. Alguns mitos dizem que Iroko é o cajado de Odudua, a Terra, que através dele ensina aos homens o sentido da vida.

 

A MORADA DOS ORIXÁS

                    

 

É o Tempo/Iroco o orixá das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima.

Guardião das florestas centenárias é o colectivo das árvores grandiosas e guardião da ancestralidade. Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue, Iroko representa a história do Ilê (casa), assim como do seu povo… protegendo-o sempre das tempestades.

Ao contrário da maioria dos orixás, este não costuma “baixar” nas festas de santo. Quando se faz presente, assim como Exú, ele carrega os maus fluidos e leva para o mato todo o mal. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa.

Cada vez que um filho começa a mudar o seu comportamento, o Babalawô o coloca para conversar na Casa de Tempo (próximo a bandeira) para que essas mudanças comportamentais possam ser melhor traduzidas pelo orixá responsável por tais ajustes, cujo nome é Tempo, ou, se preferirem: Iroco

Irôko, o Tempo é o “orixá do grande pano branco que envolve o mundo“, em alusão feita às nuvens do céu.

 

NARRATIVA EXEGÉTICA DO MITO IORUBÁ DA TRADIÇÃO AFRICANA “IRÕKO E ARAKOLÉ"- MITO IORUBÁ-LUCUMI.

                                                EXÚ E O PÁSSARO ARAKOLÉ

 

                       

 

O orgulho e a soberba da terra acabaram por afastar o céu a partir da indignação do Todo

Poderoso. A Força Suprema (ou o Todo Poderoso). Somente ela/ele avaliaria o sentido de tudo

que existe na terra.

Iroko, a árvore sumaúma, a mais amada tanto pela terra e pelo céu, pôs-se a

chorar e a produzir flores brancas, espalhando sua dor pela terra.

O vento tratou de espalhá-las, como a própria dor da tristeza. E assim, essa tristeza penetrou-se em tudo o que era vivo.

Aumentando as disputas e as maldades tornaram-se generalizadas, uma desarmonia total, mas

algo precisaria ser feito para reparar a ingratidão da terra e restabelecer a paz.

 

Mesmo o sol respeitando as ordens de não queimar com seu calor e luz excessivos, as

águas pouco a pouco iam se esgotando. O único ser que permanecia com seu esplendor verde e

saudável garantindo a credibilidade entre os demais seres vivos, era Iroko.

 

A relação de Iroko com o céu e a terra, seu filho predileto, permitiu que ele dispusesse aos que ainda viviam o poder das súplicas e oferendas que constavam nas profundezas de suas raízes e entranhas. Após muitas tentativas e esforços para entregar ao céu a súplica da terra, já esgotada e seca, o céu

aceitou as oferendas.

Foi assim a súplica feita por Ará-Kolé (grande pássaro de aparência sombria) com as palavras da terra: “Céu, a terra me enviou para implorar a tua clemência.” Os filhos e as criaturas da Terra te pedem perdão. São teus servos e, desde o mais profundo de seus

corações, imploram misericórdia”

Senhor, a terra está morrendo lá embaixo”

 

Foi o pássaro Ara-kolé, desprezado, sombrio e repulsivo, que levou a última esperança para

que a vida ressurgisse na terra. Ara-Kolé inspira e responsabiliza o Orixá Exu pela mediação entre o céu e a terra.

É ele o Senhor das múltiplas possibilidades de relacionamento humano. É nele que se encontram os

artifícios e artefatos da comunicação e também o Axé

necessário à fertilidade humana.

 Por isso, aos pés de árvore de Irôko, Exu é reverenciado como força que produzvida e repara a ingratidão

 

*São vários os desdobramentos que se apresentam a partir deste ‘encanto’ despertado

pela representação mística africana apresentada nas referências acima.

O orgulho e a inveja mesmo reportada há um tempo imemorial referem-se a sentimentos humanos corriqueiros e problemáticos.

 “Trata-se de um mito que envolve ações reparadoras e solidárias do orixá Tempo/Iroco e

de um pássaro denominado Ara-Kolé” .

FONTE: Livro do professor Erisvaldo. Site: Olhares Sociais.

 

AFINAL? O QUE É TEMPO?

           

Desde o início da criação, o tempo está intrinsecamente relacionado com tudo o quanto ocorre no nosso planeta.

Tudo aqui é cronológico, porque o tempo se relaciona com cada ação, gerando automaticamente uma reação. Um pensamento, um sentimento, uma palavra, uma ação reagem com o passar do tempo. Nada se dilui como magia, nada se desfaz simplesmente, porque tudo se plasma nos mais diversos planos relacionados à matéria física e isso está relacionado com o tempo, independente do período em que cada causa irá gerar uma reação.

É também a permanência dentro da impermanência e impermanência na permanência.