11-OMOLU/OBALUAYÊ- LENDAS.

 

OMOLU/OBALUAIÊ

Existe uma grande variedade de categorias de Omulu/Obaluaiê, como acontece praticamente com todos os Orixás. Existem formas guerreiras e não guerreiras, de idades diferentes, etc., mas resumidos pelas duas configurações básicas do velho e do moço. A diversidade de nomes pode também nos levar a raciocinar que existem mitos semelhantes em diferentes grupos tribais da mesma região, justificando que o Orixá é também conhecido como Skapatá, Omulu Jagun, Quicongo, Sapatoi, Iximbó, Igui.

Esta Grande Potência Astral Inteligente, quando relacionado à vida e à cura, recebe o nome de Obaluaiê. Tem sob seu comando incontáveis legiões de espíritos que atuam nesta Irradiação ou Linha, trabalhadores do Grande Laboratório do Espaço.

Verdadeiros cientistas, médicos, enfermeiros, etc., que preparam os espíritos para uma nova encarnação, além de promoverem a cura das nossas doenças.

Atuam também no plano físico, junto aos profissionais de saúde, trazendo o bálsamo necessário para o alívio das dores daqueles que sofrem.

O Senhor da Vida é também Guardião das Almas que ainda não se libertaram da matéria.

Assim, na hora do desencarne, são eles, os falangeiros de Omulu, que vêm nos ajudar a desatar nossos fios de agregação astral-físico (cordão de prata), que ligam o períspirito ao corpo material.

Os comandados de Omulu, dentre outras funções, são diretamente responsáveis pelos sítios pré e pós- morte física: (Hospitais, Cemitérios, Necrotérios, etc.), envolvendo estes lugares com poderoso campo de força fluídico-magnético, de modo a não deixar que os vampiros astrais (quiumbas) sorvam energias do duplo etérico daqueles que estão em vias de falecerem ou falecidos.

 

 

* LIVRO: AGÔ ÁFRICA". Com mais de 60 lendas dos orixás. 

 

LENDAS.

 

 

OMOLU PERDOA NANÃ

 Omolu, filho de Oxalá e Nanã, nasceu com chagas, uma doença de pele que fedia e causava medo aos outros. Sua mãe Nanã morria de medo da varíola, que já havia matado muita gente no mundo. Por esse motivo, Nanã, o abandonou na beira do mar.

Ao sair em seu passeio pelas areias que cercavam o seu reino, Iemanjá encontrou um cesto contendo uma criança. Reconhecendo-a como sendo filho de Nanã, pegou-a em seus braços e a criou como seu filho.

O tempo foi passando e a criança cresceu e tornou um grande guerreiro, feiticeiro e caçador.

Cobria-se com palha da costa, não só para esconder as chagas com a qual nasceu, mas porque seu corpo brilhava como a luz do sol.

Um dia Iemanjá chamou Nanã e apresentou-a a seu filho Xapanã, dizendo: -Xapanã, meu filho, receba Nanã sua mãe de sangue. Nanã, este é Xapanã nosso filho. 

Assim Nanã foi perdoada por Omolu e este passou a conviver com suas duas mães.

 

 

 

    XAPANÃ GANHA O SEGREDO DA PESTE.

Olodumarê, um dia decidiu distribuir seus bens.

Disse aos seus filhos que se reunissem e que eles mesmos repartissem entre si as riquezas do mundo. Ogum, Exú, Orixá Ocô, Xangô, Xapanã e os outros orixás deveriam dividir os poderes e mistérios sobre as coisas na Terra.

Num dia em que Xapanã estava ausente, os demais se reuniram e fizeram a partilha, dividindo todos os poderes entre eles, não deixando nada de valor para Xapanã.

Um ficou com o trovão, o outro recebeu as matas, outro quis os metais, outro ganhou o mar. Outros escolheram o ouro, o raio, o arco-íris, a chuva, os campos cultivados, os rios.

Tudo foi distribuído entre eles, cada coisa com seus segredos, cada, riqueza com o seu mistério. A única coisa que sobrou sem dono, desprezada, foi a peste.

Ao voltar, Xapanã nada encontrou nada para si, a não ser a peste, que ninguém quisera.

Xapanã guardou a peste para si, mas não se conformou com o golpe dos irmãos. Foi procurar Orunmilá, que lhe ensinou a fazer sacrifícios, para que seu enjeitado poder fosse maior que o do outros. Xapanã fez sacrifícios e aguardou.

Um dia, uma doença muito contagiosa começou a espalhar-se pelo mundo. Era a varíola.

O povo, desesperado, fazia sacrifícios para todos os orixás, mas nenhum deles podia ajudar. A varíola não poupava ninguém. Cidades, vilas e povoados ficavam vazios, já não havia espaço nos cemitérios para tantos mortos.

Desesperado, o povo foi consultar Orunmilá para saber o que fazer. Ele explicou que a epidemia acontecia porque Xapanã estava revoltado, por ter sido passado para trás pelos irmãos. Mandou que fizessem oferendas para Xapanã.

Só Xapanã poderia ajudá-los a conter a varíola, pois só ele tinha o poder sobre as pestes, só ele sabia os segredos das doenças.

Tinha sido essa sua única herança.

Então pediram a proteção a Xapanã e sacrifícios foram realizados em sua homenagem.

A epidemia foi vencida. Xapanã então foi  respeitado por todos. Seu poder era infinito, o maior de todos os poderes.

 

 

 

OBALUAIYÊ CONQUISTA DAOMÉ

 

Xapanã, originário de Tapa, saiu com  seus guerreiros para uma expedição aos quatro cantos da terra. Uma pessoa ferida por suas flechas ficava cega, surda ou manca,

Obaluaê-Xapanã chega ao território de Mahi no norte de Daomé, matando e dizimando todos os seus inimigos e começa a destruir tudo o que encontra a sua frente.

Obaluaiyê era conhecido como um guerreiro sanguinário, atingindo a todos com as pestes, quando estes se opunham a seus desejos.

Os habitantes do lugar, quando souberam de sua chegada, foram em busca de ajuda de um adivinho.

Ele recomendou que fizessem oferendas, com muita pipoca, inhame pilado, dendê e todas as comidas que o guerreiro gostasse. (Pipocas acalmam Obaluaiyê,) Também disse que seria aconselhável que todos se prostrassem diante dele.  Assim o fizeram,dizendo:

"Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!" "Respeito! Silêncio!"

Obaluaiyê, satisfeito com a sujeição daquele povo, tornou-se dócil, e contente com as atenções recebidas. mandou construir um palácio onde foi viver e não mais voltou ao país Empê.

Em pouco tempo o país tornou-se próspero e rico.

Obaluaiyê recebeu nas terras mahis o nome de Sapatá, mesmo assim era preferível chamá-lo de Ainon, senhor das Terras, ou Jeholu, senhor das pérolas.

Esses diferentes nomes foram adotados por famílias importantes, mas infelizmente provocaram desentendimentos entre elas e os reis do Daomé.

 Muitas dessas famílias de Sapatá foram expulsas do reino e, em represália, muitos reis de Daomé morreram de varíola.

Essa discórdia provocou sobre o seu nome, que hoje ninguém sabe mais qual o melhor nome para se chamar Obaluaiyê

 

 

OMOLU/JEHOLU, O “SENHOR DAS PÉROLAS”.

Omolú foi salvo por Iemanjá quando sua mãe, Nanã Buruku, ao vê-lo doente, coberto de chagas, purulento, abandonou-o numa gruta perto da praia.

Iemanjá recolheu Omolú e o lavou com a água do mar, o sal da água secou suas feridas, Omolú tornou-se um homem vigoroso, mas ainda carregava as cicatrizes, as marcas feias da varíola.

Iemanjá confeccionou para ele uma roupa toda de ráfia, (Outra lenda diz que foi Ogum) e com ela ele escondia as marcas de sua doença.

Omolu era um homem poderoso, porem pobre. Andava pelas aldeias e por onde passava deixava um rastro, ora de cura, ora de saúde, ora de doença,

Iemanjá não se conformava com a pobreza do filho adotivo e ficou imaginando quais riquezas, poderia dar a ele.

Iemanjá era a dona da pesca, tinha os peixes, os polvos, os caramujos, as conchas, os corais, tudo aquilo que dava vida ao oceano.  A mãe de Iemanjá, Olocum, dera tudo a ela.

Mas Iemanjá enfeitava-se com algas, com água do mar, vestia-se de espuma e adornava-se com o reflexo de Oxu, a Lua.

A grande riqueza de Iemanjá eram as pérolas que as ostras fabricavam para ela. Iemanjá, Então, chamou Omolú e lhe disse:

"De hoje em diante, és tu que o dono das pérolas do mar. Serás chamado de Jeholu, o “Senhor das Pérolas".

Por isso as pérolas pertencem a Omolú. Por baixo de sua roupa de ráfia, enfeitando seu corpo marcado de chagas, Omolú ostenta colares e mais colares de belíssimas pérolas.