O REI NEGRO.
É madrugada.
O galo canta, o pinto pia.
Lá na senzala
O negro clama: “alforria”!
O que adianta
Tanta beleza
Se só a alma continua em liberdade.
O corpo sofre,
Os olhos choram,
E o coração abarrotado de saudade
Ele era rei
Hoje é escravo.
Ninguém escuta seu lamento agoniado.
Não tem amor,
Não tem mais nada.
Somente a dor continua ao seu lado.
Negra é à noite,
Negro é o dia,
Negra é a vida desse negro desterrado.
Quebre os grilhões,
Quebre a chibata,
Dê liberdade a esse negro iluminado.
MELINDA