78-OLUBAJÉ- CERIMÔNIA- COMIDAS -LENDAS (2)

                           A CERIMÔNIA DO OLUBAJÉ

 

O Olubajé é a festa anual em homenagem a Obaluaiê , onde as comidas são servidas na folha  de mamona .

 

Rememorando umitan  (mito) onde todos os Orixás  para se acertarem com Obaluaiê, por motivos de ter sido chacoteado numa festividade feita por Xangô  por sua maneira de dançar. 

Nessa festividade, todos os Orixás participam, com exceção de Xangô e principalmente Osanyin , Oxumarê , Nanã  e Yewá , que são de sua família. Oyá  tem papel importante por ser ela que ajuda no ritual de limpeza e trazer para o barracão  de festas a esteira , sobre a qual serão colocadas as comidas.

Olubajé é ritual especifico para o orixá  Obaluaiê , indispensável nos terreiros  de candomblé , no sentido de prolongar a vida  e trazer saúde  a todos os filhos e participantes do axé .

No encerramento deste rito é oferecido no mínimo nove iguarias da culinária afro-brasileira chamada de comida ritual pertinente a vários Orixás, simbolizando a Vida , sobre uma folha chamada "Ewe Ilará " conhecida popularmente como mamona, "altamente venenosa" simbolizando a Morte  (iku) .

 

LENDA- I 

Diz uma lenda que Xangô, um Rei muito vaidoso, deu uma grande festa em seu palácio e convidou todos os Orixás, menos Obaluaiê, pois as suas características de pobre e de doente assustavam o rei do trovão.

No meio do grande cerimonial todos os outros Orixás começaram a notar a falta do Orixá Rei da Terra e começaram a indagar o porquê da sua ausência, até que um deles descobriu de que ele não havia sido convidado. 

Todos se revoltaram e abandonaram a festa indo a casa de Obaluaiê pedir desculpas, Obaluaiê  recusava-se a perdoar aquela ofensa até que chegou a um acordo; daria uma vez por ano uma festa em que todos os Orixás seriam reverenciados e este ofereceria comida a todos desde que Xangô comesse aos seus pés e ele aos pés de Xangô.

 

Nascia assim a cerimônia do Olubajé. Porém, existem diversas outras lendas que narram outros motivos sobre o porquê de Xangô e Ogum não se manifestarem no Olubajé.

 

"O Olubajé é muito mais uma obrigação do que uma festa" -

 

SIGNIFICADO DE OLUBAJÉ-

OLU: AQUELE QUE

BA: ACEITA

JÉ: COMER

OU SEJA: AQUELE QUE COME

 

                                       LENDA-II COMO SURGIU O OLUBAJÉ

 

E ele tem origem em uma lenda que conta, que um dia houve uma festa no Orun e todos os orixás foram convidados, todos dançaram, porém quando Omolu foi dançar, todos o ridicularizaram pois dançava apontado suas feridas e de maneira desengonçada.

 Percebendo que  todos riam dele, no final de sua dança, apontou para todos os orixás e sobre eles jogou uma praga.

Conforme os dias foram passando, todos ficaram doentes e a terra se tornou improdutiva.

 Foi quando  os omo-orixás pediram para que os Orixás intercedesse junto a Omolu para que tudo voltasse ao normal e então os eles decidiram fazer um grande banquete em homenagem a Omolu,

 Vendo-se agradado, retirou a praga e disse que a partir daquele momento, todos os anos deveria ser feito o Olubajé em sua homenagem e, além disso, que servisse como um ebó para todos os omo-orixás.

 

Esse é um ritual realmente muito importante, além do que é feito em sala, existe todo um preparo que antecede a festa, além de toda a culinária.

 

                                               O SABAJÉ

 

O sabejé é o ato onde Oyá sai com o balaio de pipocas, e as pessoas vão colocando dinheiro em troca de um punhado de pipoca.

Porém o sabejé é muito mais do que isso, ele significa a submissão e o sacrifício em nome do orixá.

Nos dias de hoje muitas pessoas não sabem que antigamente os filhos de santo no mês de Agosto, saiam realmente as ruas para pedir dinheiro  para poder fazer o olubajé.

 

                                               OS PRATOS SERVIDOS NO OLUBAJÉ

  

No Olubajé são servidas todas as comidas de santo, menos as de Xangô e são elas:

 

- Feijão Preto Cozido

- Axoxó

- A pipoca, a banana da terra frita, além da farofa de Omolu onde vão os seus axés.

- O feijão fradinho, feijão preto e milho de galinha cozidos com ovo cozido por cima.

- Mostarda refogada.

- Omolokun

- O feijão fradinho, feijão preto e milho de galinha cozidos com ovo cozido por cima.

- Acaráobá

- Acarajé

- Ebô

- Eboyá

- Acaçá

- Aruá

Servidos na folha de mamona (Ewèlará: folha do mundo).

Em seguida, todos os presentes na cerimónia devem comer um pouco de cada uma das comidas, utilizando apenas as mãos para comer, e é também obrigatório que todos dancem ao som das músicas e cantigas que vão sendo entoadas em louvor do Orixá.

 

                                      

LENDA III –NANÃ E SEU FILHO OBALUAIÊO PERDÃO DE OBALUAIÊ

           

Filho de Oxalá e Nanã nasceu com chagas, uma doença de pele que fedia e causava medo aos outros, sua mãe Nanã morria de medo da varíola, que já havia matado muita gente no mundo.

 Por esse motivo Nanã, o abandonou na beira do mar.

Ao sair em seu passeio pelas areias que cercavam o seu reino, Iemanjá encontrou um cesto contendo uma criança. Reconhecendo-a como sendo filho de Nanã, pegou-a em seus braços e a criou como seu filho em seus seios lacrimosos.

 

O tempo foi passando e a criança cresceu e tornou um grande guerreiro, feiticeiro e caçador.

Se cobria com palha da costa, não para esconder as chagas com a qual nasceu, e sim porque seu corpo brilhava como a luz do sol. Um dia Iemanjá chamou Nanã e apresentou-a a seu filho Xapanã, dizendo: Xapanã, meu filho receba Nanã sua mãe de sangue. Nanã, este é Xapanã nosso filho.

E assim Nanã foi perdoada por Omulu e este passou a conviver com suas duas mães.

 

LENDA IV

 

  A VIDA ENSINA

 

Quando Omolu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo para fazer a vida.

De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo seus serviços, procurando emprego.

Mas Omolu não conseguia nada. Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava, e ele teve que pedir esmola.

 

Tinha um cachorro que o acompanhava.

Omolu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras.

Omolu comia o que a mata dava: frutas, folhas e raízes. Mas os espinhos da floresta feriam o menino. As picadas de mosquitos cobriam-lhe o corpo.

Omolu ficou coberto de chagas.

 

Só o cachorro confortava Omolu, lambendo-lhe as feridas.

Um dia, quando dormia, Omolu escutou uma voz: 

-Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo.

 

Omolu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas.

Não tinha dores nem febre. Omolu juntou as cabacinhas, os atos, onde guardava água e remédios que aprendera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu.

Naquele tempo uma peste infestava a Terra. Por todo lado estava morrendo gente, todas as aldeias enterravam seus mortos. Os pais de Omolu foram ao babalaô e ele disse que Omolu estava vivo e que ele traria a cura para a peste.

Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omolu.

Todos esperavam-no com festa, pois ele curava.

Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber agora imploravam por sua cura. Ele curava a todos, afastava a peste. Então dizia que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossum e uági, os pós branco, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos.

Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa, para que a praga não pegasse outras pessoas da família.

Limpava as casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, o xaxará.

 

Quando chegou em casa, Omolu curou os pais e todos estavam felizes. Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamaram de Obaluaiê, todos davam vivas ao Senhor da Terra,

Obaluaiê.