93-ZÉ PELINTRA (2)

 

 

A VERDADEIRA HISTÓRIA QUE ZÉ PELINTRA ESCREVEU É A DA CARIDADE E QUE ELA SEJA PRATICADA COM EXEMPLOS. ELE PREGA O AMPARO AOS IDOSOS, AS CRIANÇAS E A TODOS OS DESAMPARADOS. QUE O AMOR FRATERNO AO PRÓXIMO TRIUNFE SOBRE O EGOISMO, POIS FÉ SEM BOAS OBRAS NÃO SERVE DE NADA.

 

MESTRE ZÉ PELINTRA 

(Umbanda)

 

Zé Pelintra da Umbanda (José Pereira dos Anjos) levou a filosofia e a estética da antiga malandragem para o mundo religioso.

Forte, aliado dos necessitados, Mestre Zé Pelintra é um dos mais queridos na Umbanda.

 

Nesse ambiente miscigenado surgiu o culto ao Mestre Zé Pelintra, um nordestino negro que se tornou o carioca típico.

Zé Pelintra, Zé do Norte, Zezinho ou algumas vezes Zinho, foi em vida um nordestino, natural de Pernambuco (Cidade de Exu), outros da Paraíba e alguns mais de Alagoas.

 

Segundo contam, Zé trabalhava no catimbó do Mestre Carlos em Caruaru, onde se formou nas artes de feitiçaria.

 

A arte de jogar, o amor ao lúdico e a capacidade de enganar os outros com suas brincadeiras são características que seu Zé incorporou definitivamente. Ele tem o seu próprio método de ler a sorte nas cartas.

 

Os “padês” dele levam salaminho e azeitona preta, o que ele comia no tempo da malandragem.

Mestre Zé Pelintra é um malandro letrado, poeta e amigo para aqueles que sabem se dirigir a ele. É um espírito que tem evolução e autorização para vir nas sete linhas em que trabalha na Umbanda.

 

 

UM TRECHO DA REZA DE ZÉ PELINTRA

 

...Por Oxalá e Ifá,

 

Por Pai Ogum, meu Senhor,

 

Pela Candeia Sagrada

 

Da Mãe Divina do Amor,

 

Peço na minha reza

 

Pra descruzar e cortar

 

Toda doença guardada,

 

Todo malfeito e tristeza

 

Do peito do sofredor.

 

 

 

Que o Nome do Onipotente

 

Liberte o penitente

 

De qualquer amarração

 

Trazendo pra sua vida

 

Saúde, paz, superação.

 

Que a Pura Luz do Cordeiro

 

Que a todo mal suplanta

 

Dissolva nas Águas Santas

 

Todo embaraço traiçoeiro.

 

 

 

HISTÓRIA DE ZÉ PELINTRA (José dos Anjos)

 

Todos que conhecem ou ouviram falar de Zé Pelintra concordam ao menos em um ponto: ele era um pernambucano “cabra-da-peste” que não levava desaforo pra casa, frequentava os cabarés da cidade de Recife, defendia as prostitutas, gostava de música, fumava cigarros de boa qualidade e apreciava a bebida.

 

Contam que nasceu no povoado de Bodocó, sertão pernambucano próximo a cidadezinha que leva o nome de Exu, à qual segundo o próprio Zé Pilintra quando se manifestava numa mesa de catimbó, foi batizada com este nome em homenagem, já que sua família era daquela região antes mesmo de se tornar cidade.

 

Fugindo da terrível seca de meados do século passado, a família de José dos Santos rumou para a Capital Recife em busca de uma vida melhor, mas o destino lhe roubou a mãe, antes mesmo que o menino completasse 3 anos e, logo a seguir se pai morreu de tuberculose .

José dos Anjos ficou órfão e teve que enfrentar o mundo juntamente com seus quatro irmãos menores. Cresceu no meio da malandragem, dormindo no cais do porto e sendo menino de recados de prostitutas.

Sua estatura alta e forte granjeou-lhe respeito no meio da malandragem.

Não se apartava nunca de uma peixeira de seis polegadas de aço puro que ganhara de um marinheiro inglês com o qual fizera amizade.

 

Conta-se que, certa vez, Zezinho, como também era conhecido, teve que enfrentar cinco policiais numa briga no cabará da Jovelina, no bairro de Casa Amarela.

 

Um dos soldados recebeu um corte de peixeira no rosto que decepou lhe o nariz e parte da boca. Doze tiros foram disparados contra Zezinho, mas nenhum deles o atingiu. Diziam que ele tinha o corpo fechado.

 

Naquele mesmo evento, Zezinho conseguiu desvencilhar-se dos soldados, ferindo-os gravemente, um dos quais veio a falecer dias depois. Antes que chegassem reforços, Zezinho já tinha fugido ileso, indo se esconder na casa do coronel Laranjeira, um poderoso usineiro pernambucano, protetor do rapazote.

Contava ele, naquela ocasião com 19 anos de idade e por este fato passou a se chamar Zé Pelintra Valentão. Este apelido foi dado pelos próprios soldados da polícia pernambucana.

*Pelintra significa pilantra, malandro, janota etc.

 

Tempos depois de sair do esconderijo, Zezinho agora apelidado de Zé Pelintra Valentão, passou a fazer fama na cidade de Recife. Embora fosse querido por todos que o conheciam, não perdia uma briga e sempre saía vitorioso.

 

Gigolô inveterado, tinha mais de vinte amantes espalhadas pela cidade, das quais obtinha dinheiro para sua vida boêmia.

Sempre vestido em impecáveis ternos de linho branco, camisas de cambraia adornadas por uma gravata de seda vermelha e um lenço branco na algibeira do paletó; na cabeça um chapéu panamá e os sapatos de duas cores compunham lhe o tipo.

Não raro poder-se-ia encontrá-lo sobraçando um violão pequenino, indo ou vindo das serestas, dos cabarés e botequins que frequentava. Nunca lhe faltava dinheiro no bolso, nem amigos para mais um trago.

 

Aos domingos, todos podiam ver Zé Pelintra Valentão entrando na Igreja Nossa Senhora do Carmo, no centro de Recife, para fazer suas orações. Dizia-se também devoto de Santo Antônio, lá estava o Zé Pelintra Valentão, impecável com seu terno de casimira, pronto para a procissão pela Avenida Conde da Boa Vista.

 

A morte de Zé Pelintra Valentão ocorreu misteriosamente.

Conta-se que aos 41 anos, ainda muito moço, Zé amanheceu morto, sem nenhum vestígio de ferimento externo. Soube-se, entretanto, que Zulmira, uma das suas amantes, tinha feito um “trabalho” para ele. Tinha um filho, que Zé Pelintra recusava registrar como dele.

Zulmira tinha um ciúme doentio de Zé Pelintra, e por causa dela ele já estivera envolvido em muitas brigas e confusões. Ela queria Zé Pelintra só pra si.

Assim, contam que lhe dera um prazo de sete semanas para que ele deixasse as outras amantes e fosse para a sua casa no bairro de Tamarineira.

Zé Pelintra não foi e acabou sendo envenenado. Zulmira, depois da morte dele, sumiu de Recife e nunca mais se soube dela nem do filho.

 

 

PRECE A ZÉ PILINTRA

” Salve Deus, Pai Criador de todo o Universo, Salve Oxalá, força divina do amor, exemplo vivo de abnegação e carinho. Bendito seja o Senhor do Bonfim. Bendita seja a Imaculada Conceição. Salve Zé Pelintra, mensageiro de luz, guia e protetor de todos aqueles que em nome de Jesus praticam a caridade. Dai-nos Zé Pelintra, o sentimento suave que se chama misericórdia. Dai-nos o bom conselho. Dai-nos a proteção quando puderdes. Dai-nos o apoio, a instrução espiritual de que necessitamos para darmos aos nossos inimigos o amor e a misericórdia, que lhe devemos por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, para que todos os homens sejam felizes na terra e possam viver sem amarguras, sem lágrimas e sem ódios.
Tomai-nos, Zé Pelintra, sob a vossa proteção; desviai de nós os espíritos atrasados e obsessores, enviados pelos nossos inimigos encarnados e desencarnados e pelo poder das trevas. Iluminai nosso espírito, nossa alma, nossa alma, nossa inteligência e o coração, abrasando-nos nas chamas do vosso amor por nosso Pai Oxalá. Valei-me, Zé Pelintra, nesta necessidade, concedendo-me a raça de vosso auxílio junto a Nosso Senhor Jesus Cristo, em favor deste pedido que faço agora (faz-se o pedido).
E que Deus, nosso Senhor, em sua infinita misericórdia vos cubra de bênçãos e aumente a vossa luz e vossa força, para que mais possas espalhar sobre a Terra a caridade e o amor de Nosso Senhor Jesus Cristo”.AMÉM JESUS