57-HISTÓRIA DO QUARTO REI MAGO- BELISSIMA

             A LENDA DO QUARTO REI MAGO. (A partir do texto de Henry Van Dyke*)

 

 Dizem que houve um quarto rei mago que também viu a estrela brilhar e decidiu segui-la. Como presente, pensou em oferecer ao menino um baú cheio de pérolas preciosas.

Esse quarto rei mago era astrônomo e médico natural da Pérsia. Era muito rico e seu nome era Artaban. O palacete onde ele morava era rodeado de belos jardins, árvores de frutas exóticas e flores raras.

Era seguidor de Zoroastro* e numa noite se reuniu em conselho com nove membros daquela sua seita.(Eram todos sábios.) Artaban falou-lhes sobre a nova estrela que vira e o seu desejo de segui-la; disse-lhes que os seus três amigos, Baltazar, Gaspar e Melchior também haviam visto a grande luz brilhante de uma nova estrela há vários dias e que desejavam sair juntos com ele para Jerusalém, com a finalidade de ver e adorar o Messias. Mas os nove membros se recusaram a segui-lo

 Artabam tinha pressa de sair para encontrar-se com seus amigos até o dia marcado que conforme combinado, já estavam a caminho. Para conseguir êxito no encontro ele precisava cavalgar noite e dia, sem parar. Já estava escurecendo e ainda faltavam umas três horas de viagem para chegar ao local do encontro marcado... Artaban precisava estar lá antes de meia-noite porque, depois deste tempo, conforme combinado, os três magos não mais ficariam à sua espera! 

 No entanto, em seu caminho, ele encontrou várias pessoas que estavam pedindo sua ajuda.
 O rei mago os auxiliou com alegria e diligência e doou uma pérola a cada uma dessas pessoas. Ele encontrou muitos pobres, doentes, aprisionados e miseráveis e não podia deixá-los sem ajuda. Ficou o tempo necessário para aliviar a dor de todos eles, depois partiu.

Mas novamente encontrava outro desamparado pelo caminho. O rei tinha um coração nobre e bom e, mesmo ficando atrasado para chegar até o menininho, parava sua viagem e socorria todos os que dele necessitavam.  Ao partir entregava sempre uma de suas pérolas preciosas…
 A estrela guia brilhava luminosa no alto céu noturno e o rei pôde segui-la com confiança.
 Aconteceu que, quando finalmente chegou a Belém, os outros reis magos já não estavam mais lá.

José, Maria e o menino Jesus também não estavam na casa indicada pela estrela-guia que agora brilhava cada vez mais suave até desaparecer no céu infinito. Os pais do menininho haviam recebido a visita dos anjos celestes a anunciar: “José, Maria, peguem o menino divino e fujam para as distantes terras do Egito. Herodes, o rei caído nas sombras, quer matar o menininho”. Eles imediatamente haviam se colocado a caminho.
 

  O quarto rei mago decidiu, mesmo sem ter a estrela guia no céu, continuar sua busca até encontrar a criança divina. Ele sentia que a estrela brilhava também em seu coração e de lá ela o conduziria.
  Ele procurou e procurou e procurou… e dizem que ele passou  trinta e três anos viajando pela terra, procurando a criança e ajudando os necessitados. Até que um dia chegou a Jerusalém justamente no momento em que o Cristo era crucificado. Conseguiu perceber, ao redor dele, o mesmo brilho da estrela que o guiara primeiro do céu e depois de dentro de seu coração. Eis a criança que ele havia procurado por tanto tempo!
 A tristeza encheu seu coração, já velho e cansado pelo tempo. Embora ainda guardasse uma pérola na bolsa, era tarde demais para oferecê-la à criança que, agora, transformada em homem, pendia de uma cruz.

Ele havia falhado em sua missão. E sem ter mais para onde ir, ficou em Jerusalém para esperar a morte chegar.
 Apenas três dias se passaram quando uma luz, ainda mais brilhante do que mil estrelas, encheu seu quarto. O Ressuscitado veio ao seu encontro! O rei mago, caindo de joelhos diante dele, pegou a pérola que restava e estendeu-a a Jesus Cristo que a segurou e carinhosamente disse: “Artaban,você não falhou em sua missão. Pelo contrário, você me encontrou por toda a sua vida. Eu estava nu e você me vestiu. Eu estava com fome e você me deu comida. Eu estava com sede e você me deu de beber. Eu fui preso e você me visitou. Eu estava em todas as pessoas pobres que você ajudou no seu caminho. Muito obrigado por tantos presentes de amor! Agora você estará comigo para sempre, porque o céu é a sua recompensa”.

 

 

 

*Zoroastrismo é uma antiga religião persa fundada no século VII a.C. por Zoroastro (ou Zaratustra), caracterizada pelo dualismo ético, cósmico e teogônico que implica a luta primordial entre dois deuses, representantes do Bem e do Mal, presentes e atuantes em todos os elementos e esferas do universo, incluindo o âmbito da subjetividade e das relações humanas (O zoroastrismo influenciou em diversos aspectos doutrinários a tradição judaico-cristã.)

 

 

*Henry van Dyke (Germantown, 10 de novembro de 1852 — Princeton10 de abril de 1933) foi um diplomatapastor e escritor americano.[1]

Henry van Dyke nasceu em 10 de novembro de 1852 em Germantown, Pensilvânia, nos Estados Unidos. Ele se formou na Universidade de Princeton em 1873 e do Seminário Teológico de Princeton, 1877 e serviu como um professor de literatura Inglês em Princeton entre 1899 e 1923. Em 1908-1909 o Dr. van Dyke foi um professor americano na Universidade de Paris. Por designação do Presidente Wilson, um amigo e ex-colega de van Dyke, tornou-se ministro da Holanda e Luxemburgo em 1913. Ele foi eleito para a Academia Americana de Artes e Letras e recebeu muitas outras honrarias