EXU E O ATABAQUE-
Exú sempre foi o mais alegre e comunicativo de todos os orixás. Olorun, quando o criou, deu-lhe, entre outras funções, a de comunicador e elemento de ligação entre tudo o que existe. Por isso, nas festas que se realizavam no orun (céu), ele tocava tambores e cantava, para trazer alegria e animação a todos.
Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não ficava bem tanta agitação.
Então, eles pediram a Exú, que parasse com aquela atividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar.
Assim foi feito, e Exú nunca mais tocou seus tambores, respeitando a vontade de todos.
Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falto da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores.
Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Exú que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muito sem vida.
Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função para a primeira pessoa que encontrasse.
Logo apareceu um homem, de nome OGAN.
Exú confiou-lhe a missão de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as festividades dos orixás.
E, daquele dia em diante, os homens que exercessem esse cargo seriam respeitados como verdadeiros pais e denominados OGANS.
ATABAQUES- BAQUETAS OU MÃOS
Atabaque (ou Tabaque) é um instrumento musical de percussão. O nome se originou do termo árabe aT-Tabaq, que significa "prato"1 . Constitui-se de um tambor cilíndrico ou ligeiramente cônico, com uma das bocas coberta de couro de boi, veado ou bode.
É tocado com as mãos, com duas baquetas, ou por vezes com uma mão e uma baqueta, dependendo do ritmo e do tambor que está sendo tocado. Pode ser usado em kits de percussão em ritmos brasileiros, tais como o samba e o axé music
* Nas casas de candomblè Banto Angola e Congo são tocados só com as mãos.
NO CANDOMBLÉ É CONSIDERADO SAGRADO
O atabaque é um instrumento musical que chegou ao Brasil através dos escravos africanos, é usado em quase todo ritual afro-brasileiro, típico do Candomblé e da Umbanda e das outras religiões afro-brasileiras e influenciados pela tradição africana. De uso tradicional na música ritual e religiosa, empregados para convocar os Orixás, Nkisis e Voduns.
O toque do tambor revela a arte de conectar-se com a Mãe Terra e com nosso eu interior, sintonizando nosso coração ao coração dela, e de viajar ao mundo do invisível, constatando nossa ancestralidade e todos os reinos da natureza.
DO QUE É FEITO O ATABAQUE-
O atabaque é feito em madeira e aros de ferro que sustentam o couro. Os atabaques são encourados com os couros dos animais que são oferecidos aos Orixás, independente da cerimônia que é feita para consagração dos mesmos quando são comprados, o couro que veio da loja geralmente é descartado, o cilindro de madeira só depois de passar pelos rituais é que poderá ser usado no terreiro.
Os atabaques são encourados com os couros dos animais que são oferecidos aos Orixás, independente da cerimônia que é feita para consagração dos mesmos quando são comprados, o couro que veio da loja geralmente é descartado, o cilindro de madeira só depois de passar pelos rituais é que poderá ser usado no terreiro.
OS TRÊS ATABAQUES NO CANDOMBLÉ
“RUM”- “RUMPI”,OU “PI”- “LÊ”
1) O primeiro deles é o Rum. O Rum é o mais alto como mostra a figura e é o tem o som mais grave.
2)O segundo é o Rumpi, ou Pi. O Rumpi, ou Pi é o médio e tem um tom mais baixo.
3)O terceiro é o Lê. O Lê tem um som mais agudo.
Sendo assim o Lê e o Rum dão um som mais concentrado sendo o Rumpi a sustentação entre os dois.
*O Rum comanda o Rumpi e o Lê.
Os atabaques no candomblé são objetos sagrados e renovam anualmente esse Axé. São usados unicamente nas dependências do terreiro, não saem para a rua como os que são usados nos blocos de afoxés, estes são preparados exclusivamente para esse fim.
O som é o condutor do Axé do Orixá, é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os Orixás, são SINFONIAS AFRICANAS sem partitura.
QUEM PODE TOCAR.
Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação Ketu), Xicarangoma (nações Angola e Congo) e Runtó (nação Jeje) que é o responsável pelo rum (o atabaque maior), e pelos ogans nos atabaques menores sob o seu comando, é o Alagbê que começa o toque e é através do seu desempenho no rum que o Orixá vai executar sua coreografia, de caça, de guerra, sempre acompanhando o floreio do Rum. O Rum é que comanda o rumpi e o le.
*Os atabaques são chamados também de Ilubatá ou Ilú na nação Ketu, e Ngoma na nação Angola, mas TODAS as nações adotaram também os nomes Rum, Rumpi e Le para os atabaques, apesar de serem denominação Jeje.
Manuel Raimundo Querino (Santo Amaro, 28 de julho de 1851 — Salvador, 14 de fevereiro de 1923) foi um intelectual afro-descendente, aluno fundador do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e da Escola de Belas Artes, pintor, escritor, abolicionista e pioneiro nos registros antropológicos e na valorização da cultura africana na Bahia.
No tempo de Manuel Querino, havia várias espécies de tabaques como eram chamados na época: pequenos Batá, grandes Ilú e os atabaques de guerra, bàtá koto, que desempenharam grande papél nos levantes de escravos, na Bahia no começo do século XIX, o que determinou a proibição expressa de sua importação desde 1835.
a percussão dos tambores ou Atabaque que varia de acordo com a nação do Candomblé. Essa percussão pode ser feita com as mãos ou com duas varetas de nome aguidavi, ou por vezes com uma mão e um aquidavi, dependendo do ritmo (toque) e do atabaque que está sendo tocado.
DOBRAR O COURO
"Dobrar os couros" - é um repique lento sequencial e cadenciado que é feito para homenagear visitas ilustres que estão chegando no terreiro, praticamente é o convite para a pessoa entrar. Durante a festa, quando chegam os convidados ou sacerdotes e ogans de outras casas, interrompe-se o toque que está sendo executado para os orixás e dobra-se os couros, após a entrada dos convidados o toque é retomado normalmente. Algumas casas de candomblé não usam dobrar os couros para as visitas, mas a maioria considera isso uma honra. Dobra-se os couros também em outras ocasiões, mas sempre para homenagear.
TOQUES DE CANDOMBLE
A maior nação dos orixás, cultuada no Brasil, até os dias atuais, é o Keto, de origem Yoruba. Portanto, vamos demonstrar os principais toques, originários dos povos iorubas que foram, com o tempo, adotados por quase todas outras nações que ainda são cultuadas por aqui, como os povos de Origem Bantu (Ngola/Congo) e os Fon (Jêje).
PRINCIPAIS TOQUES
ADABI / AGABI / EGO - Bater para nascer é seu significado. É um ritmo sincopado, dedicado a Exú e Ogum. Originário das nações Nagô ou Jêje.
ADARRUM - Ritmo evocatório de quase todos os orixás. Rápido, forte e contínuo marcado junto com o agogô. Dedicado a Ogum, principalmente acompanhado de cânticos.
ALUJÁ / ELUJÁ – Divide-se em roli e pani-pani. Significa orifício ou perfuração. Toque rápido com características guerreiras. É dedicado à Xangô. Originário da Nação Keto.
AGUERÊ – Em Ioruba significa “lentidão”. Ritmo cadenciado para Oxossi e com andamento mais rápido para Iansã. Quando executado para Iansã é chamado de “Quebra-pratos” ou Abata (Tipo de Ilu). Originário do Keto, podendo ser executado a diversos orixás, acompanhado de cânticos.
BATA – Significa tambor para o Culto a Egumgun e Xangô. Ritmo cadenciado especialmente para Xangô. Pode ser tocado para outros orixás. Tocado com as mãos.
BRAVUM – Dedicado a Oxumaré, Ogum e Nanã. Ritmo marcado por golpes fortes do Rum. Utilizado no Jêje.
AVAMUNHA / AVANIA / REBATE OU ARREBATE – Utilizado no Jêje para todos.
CORRIDO / MASSÁ - Nagô, para todos.
FORIBALE – Significa dobrar o couro - Origem Nagô. Toque para pessoas notáveis.
HUNTÓ / RUNTÓ – Ritmo de origem Fon executado para Oxumaré. Pode ser acompanhado de cantigos para Obaloayê e Xangô.
IGBIN - Significa caracol. Lembra a viajem de um ancião. É dedicado a Oxalufã.
IJESÀ / IJEXÁ – Ritmo cadenciado tocado apenas com as mãos. Dedicado à Oxum quando for apenas toque instrumental. Quando acompanhado por cânticos, pode ser oferecido a Exu, Ogum e Oxalá.
ILU – Significa, também, atabaque em ioruba. Ritmo dedicado à Oyá/Iansã.
UMBÓ / BATÁ-COTÔ - Ketu, dedicado a Xangô e Oxaguiã
KORIN-EWÈ ou AGUERÊ DE OSSAIN – Significa “Canção das folhas”. Originário de Irawò, Nigéria, cidade onde é cultuado Ossain.
OGUELÊ – Ritmo atribuído à Obà. Executado com cânticos para Ewà.
OPANIJÈ – Andamento lento marcado por batidas fortes do Rum. Significa “Aquele que mata e come”. Dedicado a Obaluayê.
SATÓ – A sua execução lembra o ritmo Bata com um andamento mais rápido e marcado por batidas fortes do Rum. Dedicado a Yemanjá, Oxumaré e Nanã. Significa a manifestação de algo sagrado.
TONIBOBÉ – Pedir e adorar com justiça é o seu significado. Toque exclusivo para Xangô.
Nas nações de origem Bantu (Ngola/Congo), além de terem adotado os ritmos citados à cima (alguns terreiros), possuem, também, os seguintes ritmos originários de sua cultura.
ARREBATE
CONGO DE OURO
CABULA
BARRA VENTO
ALUJÁ
IJEXÁ
MUZENZA
NO RIO GRANDE DO SUL
No Batuque (Rio Grande do Sul), encontramos os seguintes toques:
OGUERÉ – Toque de Odé e sua esposa Otim.
BIOFÁ – Para Oxalá, Iemanjá, Oxum, Xapanã e Obà.
ALUJÁ – Um ritmo rapidíssimo para Xangô.
JÊJE – Também muito rápido tocado para todos os orixás em sua forma jovem.
ARÉ – Também similar. Dedicado a Bará, Ogum, Oyá, Xangô e Xapanã.
LÔ-CORIDI – (para outros “olocori”) Dedicado a Oxum Docô, a velha.
O TOQUE DOS ATABAQUES NA UMBANDA E CANDOMBLE
Não é só fazer bonito. A vibração dos pontos, a marcação dos Atabaques tem um valor fundamental na “segurança” da gira, sendo um dos principais fundamentos da Umbanda.
Cada toque é uma vibração contra as esferas do baixo astral e quanto maior a participação de todos os presentes, maior será a segurança, pois estaremos com a mente firme em oração e não deixaremos “os intrusos” negativos atrapalharem nossos trabalhos.
AS CANTIGAS
As cantigas são como mantras que ajudam a abrir os portais de luz para trazem as entidades, e assim também quando se despedem (“sobem”).
Suas vibrações podem encher o espaço de espíritos de luz, trazendo o fortalecimento dos chakras de quem está participando com fé.
Desde a antiguidade, em quase todas as religiões, encontramos uma forma de louvar a Deus, ou outras divindades, através da música. É uma forma de expressar o que sentimos pe A maior nação dos orixás, cultuada no Brasil, até os dias atuais, é o Keto, de origem Yoruba. Portanto, vamos demonstrar os principais toques, originários dos povos iorubas que foram, com o tempo, adotados por quase todas outras nações que ainda são cultuadas por aqui, como os povos de Origem Bantu (Ngola/Congo) e os Fon (Jêje).
AIABAQUES E PONTOS NA UMBANDA
O cântico umbandista, conhecido popularmente como pontos, são cantados na forma de saudar os orixás ou as entidades manifestadas durante a execução das giras. O ponto representa uma oração, um pedido de proteção, abertura de caminhos, o consolo ao coração partido e assim por diante.
São poderosas ferramentas para a firmeza de pensamento, ou seja, ajudam os médiuns a entrarem em transe e incorporarem suas entidades, além de ajudar na concentração que é necessária para o bom andamento de um trabalho espiritual.
Um dos instrumentos mais importantes, dentro do ritual umbandista é o atabaque, pois através do toque correto é que chamamos as entidades. O som produzido representa um elo energético entre a falange atuante e a gira do terreiro.
OGÃS NO CANDOMBLÉ
O OGÃ ALAGBE (ALABÊ)
O Alagbê (Alabê) é um Ogã (cargo hierárquico masculino)
O fato de saber percutir o som dos atabaques não quer dizer que este seja um Alabê. Só chega a este posto (cargo) aqueles que são escolhidos pelo orixá ou pelo Babalorixa, sendo iniciado para exercer essa atribuição
QUEM É UM OGÃ
Um Ogâ seria como um tatá da casa na maioria das vezes seu conhecimento é quase superior a um Zelador de Santo, para ser um Ogâ não basta saber tocar e sim saber o fundamento da casa, saber o canto na hora certa, é de grande importância em um terreiro.
Existem também outros tipos de componentes que se usa junto com os atabaques, por exemplo, o agogô, chocalho, triângulo, pandeiro, etc. Existe também o Abatá, que seria um tambor, com os dois lados com couro, que se usa muito no Rio Grande do Sul, e na nação Tambor de Mina.
Runtó (Geralmente um Cargo Masculino dos Candomblés Gegê e Mina).
RESPONSABILIDADE DO OGÃ(candomblé), OU ATABAQUEIRO(umbanda
Ogâ antes de tudo é ser responsável e sério dentro do ritual, SEM BRINCADEIRAS ATRÁS DOS ATABAQUES, cumprindo suas obrigações como Ogâ da casa, seguindo os fundamentos da casa com extrema seriedade e atenção.
Procurando sempre aprender mais e aperfeiçoar os toques eos pontos, sabendo a hora certa de usar.
Além disso, os Ogâs devem estar sempre de roupas brancas, e com suas guias. É importante frisar que a Umbanda não tem Ogã. Este “título” somente se aplica ao Candomblé.
É importante frisar que a UMBANDA NÃO TEM OGÃ . Este “título” somente se aplica ao Candomblé.
OBRIGAÇÕES DE UM OGÃ.
O Ogã ele tem o poder de quebrar um trabalho negativo!
Por tanto o mesmo tem que sempre estar atento pois é ele quem irá junto com o Pai da casa administrar os trabalhos.
Se isso não acontecer não tem harmonia e não tendo harmonia a energia cai e todos ficam a mercê de energias negativas!
O Ogã tem obrigação de saber os pontos a serem cantados, os momentos em que os pontos devem ser puxados mas pra isso ele tem que estar voltado totalmente ao trabalho!
O atabaque é para ser tocado e não socado como vejo! O Ogã e o atabaque têm que ter uma sintonia, não precisa bater no atabaque e sim tocar!
É importante saber que os atabaques devem e merecem ser tratados com o máximo de respeito pois não se trata de um simples instrumento não podendo ser tocados jamais por pessoas não autorizadas.
Se isso acontecer quebra todo o trabalho todo um ritual.
O atabaque pertence à um Guia sendo esse saudado antes e depois do uso do atabaque.
Para terminar é importante sempre lembrar que quem canta reza duas vezes então é de suma importância que os pontos sejam cantados de coração e não pela boca.
O som deve ser projetado e concentrado no diafragma e não na garganta.
Como já foi dito ...O ATABAQUE É PARA SER TOCADO E NÃO SURRADO!!!!!!
*IMPORTANTE. ANTES DE USAR O ATABAQUE
Antes de usar o atabaque deve-se pedir permissão, tocando o couro e dizendo:
Dai-me licença Pai Oxalá.
Dai-me licença …(entidade dona do atabaque). Dai-me força e dignidade para esse instrumento eu tocar.
Quando o atabaque for guardado, deve-se agradecer:
Obrigado meu Pai Oxalá.
Obrigado …(entidade dona do atabaque). Obrigado por ter-me permitido cumprir a minha missão.
Cobrir os atabaques de branco.
Caso precise ser retirado do terreiro para manutenção, deve ser levado pelo ogâ ou atabaqueiro, até o altar, ao ariaxé e aos quatro cantos do terreiro antes de sair do mesmo.
O ATABAQUE NA UMBANDA
O atabaque na Umbanda não é apenas um instrumento que ali está para ajudar o ritual, mas sim um instrumento enraizado e abençoado pelas Entidades e Orixás, quem nele tocar, não basta apenas querer e saber tocar deve ter responsabilidades.
Deve saber que ao colocar as mãos diante deste fundamento, deve-se ter muita seriedade e dignidade, pois, tudo que é Abençoado pelas Entidades torna-se indispensável na Umbanda e assim acontece com os atabaques.
vÊR VIDEOS DOS TOQUES NA PÁGINA: 123 " APRENDENDO A TOCAR ATABAQUE"