39-JANAÍNA- UM CONTO DE AMOR

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JANAINA- UM CONTO DE AMOR

A TEMPESTADE 

 

O barco fez-se ao mar.

Um vento ameno, mas abafado, soprava com maus prenúncios.

Ela ficara no mirante, angustiada, vendo seu homem partir em outra jornada.

À noite e o mar, estavam escuros, e a lua parecia um enorme olho amarelado, igual aos da coruja que de longe, observava tudo em silêncio.

Porque aquela ansiedade em seu peito, já que tantas vezes a mesma cena repetia-se.

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Somente quando viu a embarcação sumir na trilha do luar, voltou para casa.

Colocou mais lenha no fogão, ajeitou a toalha da mesa, e por fim ajoelhou-se frente à imagem da santinha de sua devoção, onde a chama de uma vela bruxuleava, iluminando os seus olhos azuis e bondosos. 

De mãos postas, rezou por longo tempo.

Enquanto isso, seu homem, jogava as redes e pensava em seu amor.

Queria tanto dar-lhe tudo que a fizesse mais feliz, mas os peixes estavam ficando cada vez mais raros.

Absorto em pensamentos, não percebeu que a lua se escondera entre nuvens ameaçadoras.

Um raio riscou o céu, e como uma espada de fogo iluminou a noite,

 O vento forte sacudia o barco e o mar encapelou-se.

 As ondas corcoveavam como um cavalo xucro, jogando a frágil embarcação de um lado para o outro.

 

Ele sempre fora forte e corajoso, mas diante a cena dantesca da natureza em fúria, deixou-se cair no fundo do barco, ciente da sua impotência. Não adiantava lutar!

A chuva molhava seu corpo e sua alma. Estava só.

Pensou na mulher que esperava o seu retorno e chorou, misturando suas lágrimas com a água salgada do mar.

Ela, por sua vez, viu a tempestade chegar impiedosa.

Desesperada, saiu correndo sem saber o que fazer. Chegou até a praia, e frente ao mar, implorou a Janaína que lhe devolvesse o seu amado.

Condoída com tamanho sofrimento e tanto amor, Janaína recolheu as lagrimas que a moça derramava, fez um colar de luz, e ordenou a tempestade que se acalmasse. No mesmo instante o mar se aquietou, o vento parou e a lua e as estrelas voltaram a brilhar.

Finalmente a moça avistou a embarcação aproximando-se da praia. Nela, o seu homem, assustado, sofrido e ansioso por seus braços carinhosos e amigos.  

Finalmente abraçaram-se fortemente e foram ver o veleiro, que quase destroçado balançava suavemente a beira d’água.

 

Alegres por estarem juntos novamente, mas em seus corações a certeza que a tempestade levara seus sonhos com ela.

Não poderiam arrumar a casa, comprar roupas novas, fazer a viagem que haviam planejado.  Mas isso era o de menos, estavam prontos para recomeçar.

Eis que, surpresos, viram no fundo do barco, centenas de pérolas cintilavam a luz do luar.

Janaína, diante de um amor tão puro e verdadeiro, deu-lhes de presente uma pérola em troca de cada lágrima que haviam derramado.        Melinda