21-A IMPORTANCIA DO: OBI/ ACAÇA / BANHA DE ORI

 

OBI–  NOZ DE KOLA
 
 
A noz-de-cola é o fruto de uma árvore de aproximadamente de 6 a 8 metros de altura, pertencente as plantas do gênero Cole da subfamília Sterculioideae (Malvales). As variedades mais comuns são obtidas de várias árvores do oeste da África ou da Indonésia, como Cola nitida ou Cola vera e a Cola acuminata.

                                               QUALIDADES DE OBI

1_Obí Abatá, possui de 3 à 6 cotiledones (gomos), são usados ritualisticamente para inúmeras cerimônias dentro do culto aos Òrìsà e amplamente usado como consulta oracular (veja o mito abaixo). Oferenda por excelência de todas as divindades do Panteão Yoruba, com exceção de Sango. Os que possuem 4 gomos são os mais empregados nos rituais do Ibori, deve ser o primeiro alimento oferecido à este Imole. O Obí pode variar sua cor entre o rosa e o vermelho, mas todos com uma coloração clara em seu interior.

 

2-O Obí Gbanjá, possui dois cotilédones (gomos) e não deve ser usado ritualisticamente, segundo os “padrões convencionais”, já que não possui propriedades sagradas e “àse” para utilizações litúrgicas. Seu uso mais comum são como alimentos e terapias alternativas, existem inúmeros sacerdotes que o utilizam em ritualísticas restritas.

 

3-Os mais raros são os Obí totalmente branco denominado pelo nome de Obí Efin, somente exigido pelos Òrìsà Funfun e mesmo assim deverá obrigatoriamente possuir mais de 2 gomos.

 

1-OBI ABATÁ                                                 2-OBI GBANJÁ                                 3- OBI EFIN  (OBI BRANCO)

 
 

1º Obi é um fruto sagrado e insubstituível, sem o qual não faz nenhuma obrigação, nenhuma confirmação de que os Orixás aceitaram as oferendas. A resposta de afirmação do Obi é fundamental para que os ritos possam continuar.

 O obi de quatro gomos, o único que deve ser ofertado aos Orixás, chama- se obi abatá.

 Cada fruto é composto de dois casais, e quando um fruto tiver mais de dois casais, sepOaram- se os gomos excedentes e dividem- se em comunhão com todos os presentes ou oferecem a Exu. Os gomos são delineados pela natureza, portanto não pode haver nenhum tipo de intervenção, sobretudo de faca, para dividir o obi. Apenas nos rituais de Xangô o obi deve ser substituído pelo orobô.

 O obi deve ser jogado sobre água, em pratos brancos ou diretamente no chão. Seus gomos devem ser jogados de uma só vez, ou seja, simultaneamente. Não se pode manipular os gomos, nem jogar os que cairam fechados sozinhos.

 Se a caída não for favorável, deve- se lançar todos os gomos novamente. Só uma caída autoriza de imediato

 

          

A verdade é que "quem planta obi não colhe",devido ao tempo que do dia que se planta, deve se esperar anos até que a árvore dê frutos.

Os mais velhos (sacerdotes) ensinam sempre uma criança a plantar o pé de Obi. Motivo pelo qual representa o fato de poder mais tarde (criança), colher do fruto que foi plantado.

Não há substituição a esse fruto. A grande maioria de atos feitos dentro do culto é confirmado através do Obi. O mais usado e oferecido aos Orixás, é  Obi Abatá - Obi de 4 gomos. Há apenas o cuidado quando tratamos ou fazemos algo ao Oirxá Xangô. Nessa hora, o Obi é substituido pelo Orobô. Para Exú se usa o Obi vermelho de 4 gomos.

Cada Obi (Abatá), é composto de 4 partes (casais - macho e fêmea), separam-se os gomos excedentes e dividem-se em comunhão com todos os presentes ou oferecem-nos a Exu.

Quando se parte um Obi, deve repartir as pessoas presentes, num ato de comunhão ou entregar uma parte a Exú.

No partir o Obi, não se usa faca ou materiais cortantes, e sim somente a prórpria força da mão. Se for pego de forma correta e apertado no lugar certo, as bandas logo cedem e se partem.

A forma correta de se consultar o Obi é:

  • Usar sempre o Obi Abatá (branco de 4 gomos) - Menos Xangô.
  • Jogar água sobre o Obi estando ainda nas mãos;
  • Molhar o chão onde será feito a confirmação ou pergunta;
  • Deve ser feita uma joga apenas.
  • havendo uma resposta negativa, verifica-se o problema e joga-se novamente;
  • Não pode-se jogar apenas uma ou duas partes, e sim as quatro partes do Obi;
  • Ter de cor as falas para identificar o que o Orixá fala.

 

 

                                                             ACAÇÁ (EKÓ)

 

 

As definições mais elementares do acaçá, dizem que se trata de uma pasta de milho branco ralado ou moído, envolvida ainda quente, em folha de bananeiras.

Seu preparo e forma de utilização nos rituais de oferendas envolvem preceitos e bem rígidos, que nunca podem deixar de ser observados.

 

A pasta branca à base de milho branco, chama-se eco (èko), depois de envolvida na folha de bananeira, aí sim, será acaçá.    

 Texto elaborado pela irma Ngangalecy..
Envolvida ainda quente, em folha de bananeiras.

 A definição é correta, mas extremamente superficial, pois, o acaçá é de longe a comida mais importante do candomblé.

 Seu preparo e forma de utilização nos rituais de oferendas envolvem preceitos e regulamentos bem rígidos, que nunca podem deixar de ser observados.

Todos os Orixás de Exú à Oxalá recebem acaçá.todas as cerimônias, do ebó mais simples aos sacrifícios de animais, levam acaçá. em rituais de iniciação, de passagem, em tudo mais que ocorra em uma casa de candomblé só acontece com a presença do acaçá.

 A pasta branca à base de farinha de milho, chama-se eco ( èko), depois de envolvida na folha de bananeira, aí sim, será acaçá O acaçá, é um corpo um símbolo de um ser,

A única oferenda que restitui e redistribui o axé.

 O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida. e por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-e a comida e predileção de todos os orixás.

Nem todas as palavras do mundo são suficientes para decifrar o valor de um acaçá.

Basta admitir que os segredos estão nas coisas mais simples para ver que muitos julgam insignificante, a comida mais importante do candomblé, banalizando o sagrado e privilegiando a intuição em detrimento do fundamento.

Fato é que quem não faz um bom acaçá não é um bom conhecedor de candomblé, pois, as regras e diretrizes da religião dos orixás nunca foram ditadas pela intuição.

Aos incautos vale afirmar que candomblé não é intuição, mas, fundamento sim, e fundamento se aprende. fundamento é o segredo compartilhado, o mistério sagrado, o detalhe que faz a diferença e a prova de que ninguém pode enganar o orixá.

Aqui o grande fundamento é que o sangue dos animais jamais pode jorrar sobre os ibás sem a presença do elemento pacificador, pois, o acaçá simboliza a paz.

Quando ofertado e retirado do seu invólucro verde, tornando-se a comida de Oxalá que agrada a todos os orixás, a primeira oferenda que deve ser colocada diretamente no assentamento, juntamente com o obi e a água, antes de qualquer sacrifício.

O acaçá deve permanecer fechado,imaculado até o momento de ser entregue ao orixá. só então é retirado da folha.

É como se o sagrado tivesse que ficar oculto até a hora da oferenda, prova de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado. e o segredo do acaçá é enrolar o ekó na folha de bananeira, é o que manten um terreiro de candomblé, de pé. NÃO EXISTE ACAÇÁ QUE NÃO SEJA ENROLADO NA FOLHA DE BANANEIRA.

Entretanto, a imprudencia vigora em muitos terreiros e não raras vezes se ouve falar de novas iguarias apresentadas como acaçá.

Os mais comuns são os "acaçás de pia" e de "forma". No primeiro caso, a massa de ecó, mais grossa, é colocada às colheradas sobre o mármore das pias, onde os "bolinhos" esfriam antes de serem utilizados nos ritos.

Na segunda "receita", a massa espalhada em uma forma é posteriormente cortada em quadradinhos..Este é procedimento incorreto e condenável, e as pessoas que agem assim estão fadadas ao insucesso e não podem ser consideradas pessoas de axé.

Não há candomblé sem acaçá, nem acaçá sem folha.

A religião dos orixás não admite modificações na essência, e esta comida é essencial, portanto, inviolável.

Há sacerdotes que oferecem até bois em sacrifício a seus orixás e acabam se esquecendo que o acaçá traduz o saber, e de nada adianta o boi sem acaçá.

PRIMEIRO VEM O ACAÇÁ, ANTES DELE SÓ A VIDA.LOGO, A FOLHA DE BANANEIRA GUARDA UMA VIDA.DEIXAR O ECÓ EXPOSTO É O MESMO QUE DEIXAR A VIDA VULNERÁVEL. Eis o grande fundamento.

Que se arrependam, pois, os que menosprezam o maior entre todos os fundamentos do candomblé, lastimem para sempre essa imprudência e reconheçam que seu insucesso é decorrência de sua ignorância.

Saibam agora, que nos lugares mais óbvios se escondem os maiores segredos.

Jamais banalizem o sagrado.

No mundo de hoje não há lugar para a incompetência nem para o despreparo,portanto, quem não souber fazer um acaçá, que saia do candomblé.

Na Bahia, não há quem não conheça, imprescindível nos rituais de candomblé.

Manter-se imaculado até o momento da oferenda é o que garante a eficácia do acaçá, portanto a folha da bananeira( no Brasil, nenhuma outra pode substituí-la)é fundamental e prova, acima de tudo quanto o babalorixá, yalorixá são conhecedores da religião que professam.

Os grandes sacerdotes, conhecidos por sua seriedade, saber e sucesso, enrolam o ecó na folha, sabem fazer acaçá. ESTE É O SEGREDO!

      Texto elaborado pela irma Ngangalecy..   

 

COMO FAZER ACAÇÁ

 O Acaçá é uma comida ritual do candomblé e  da cozinha da Bahia. Feito com milho branco ou vermelho, que fica de molho em água de um dia para o outro, e deve ser depois passado em um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com água,  sem parar de mexer, até ficar no ponto. Este se adivinha quando a massa não dissolve, se pingada em um copo com água. Ainda quente, pequenas porções da massa devem ser embrulhadas em folha  de bananeira já limpa, passada no fogo e cortada em pedaços de igual tamanho, para ficar tudo harmonioso.

Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa. Com  o polegar dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa, dobrar a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo, fazendo o mesmo do outro lado. O formato que resulta é o de uma pirâmide retangular.

  

 

BANHA DE ORI

 

 

 BANHA DE ORI

O limo da costa, também conhecido como banha de Orí é indispensável no que se refere ao culto dos òrìsà funfun (divindades da supremacia do branco), o limo é extraído de uma árvore africana (Butyrospermum paradodum) e no território africano é chamada de Èmí, Èmí-èmí, Èmí gidi, Èmí gbégi, Akúmálápá e Òrí.

Seus substitutos diretos é o óleo de algodão extraído das sementes do algodoeiro (Gossypium herbaceum, L. Malvaceae), este produto é conhecido em Yoruba pelo nome de òwú elépà, sendo que a folha do algodão é amplamente usada nos nossos rituais para variados fins, sendo esta pertencente a todos os òrìsàs funfun.

O segundo substituto é o óleo (gordura) de coco (Cocos nucifera, L. Palmae) este conhecido em Yoruba pelo nome de Àgbon. Este sim não foi trazido da África, pois se origina da Índia Ocidental, foi integrada ao culto dos òrìsà funfun devido a sua cor branca e suas propriedades medicinais dos quais possuem em sua essência o àsé das divindades do branco.

Não há indícios do uso referente ao azeite de oliva nas sociedades africanas, pois esta espécie não consta no herbário Yoruba. Aqui no Brasil o uso deste era comum nos senhores de fazenda, coronéis e chefes de estado e não nas senzalas.

      Importante observar para que tomemos cuidado na compra da banha de orí, pois existem muitos comerciantes que vende BANHA DE CARNEIRO como banha de orí.