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Um dos símbolos mais conhecidos do Natal é a árvore decorada
com enfeites e luzes coloridas. A árvore-de-natal está presente em
quase todos os lares cristãos.
Embora a maioria dos estudiosos
indiquem que sua origem foi na Alemanha protestante de
Martinho Lutero, a árvore-de-natal se difundiu como um símbolo
natalino devido à família real britânica. Vamos conhecer um
pouco mais sobre a origem dessa tradição?
O Costume de se Enfeitar Árvores
O costume de se enfeitar árvores remonta bem anterior ao
próprio Natal e ao cristianismo.
Já antes de Cristo, praticamente todas as culturas e religiões
pagãs usavam enfeites em árvores para celebrarem a fertilidade
da natureza.
No Hemisfério norte, por exemplo, para se comemorar a chegada
da primavera os pagãos enfeitavam árvores com flores, em
homenagem a deusa Ostara, celebrando a fertilidade da natureza.
Ostara é uma deusa anglo-saxã teutônica da mitologia nórdica e
germânica, seu nome significa a Deusa da Aurora, conhecida
também como Eostre, Ostera ou Easter, cujo significado é
Páscoa.
Também na Páscoa é tradição entre os alemães a decoração da
Árvore de Páscoa – Osterbaum, um importante símbolo cristão
para essa cultura.
Tanto a árvore-de-natal quanto a árvore de páscoa são símbolos
da cultura cristã, mas a origem de se enfeitar árvores é anterior
ao nascimento de Cristo, como veremos a seguir.
Decorar Árvore: Uma Prática Cultural Milenar
O hábito de se decorar árvores é uma tradição bem mais antiga
que o próprio Natal e antecede o cristianismo.
Os romanos, por exemplo, também adornavam as árvores em
honra de Saturno, que era o deus da agricultura para esse povo.
No Antigo Egito, durante o solstício de inverno, era um costume
as pessoas trazerem ramos verdes para dentro das suas casas,
como forma de celebração da vida sobre a morte.
Entre o povo Celta, os druidas, já enfeitavam os carvalhos com
maçãs e outras frutas coloridas para venerar os espíritos das
árvores.
(As festas feitas ao redor das árvores remontam a Pré-Historias, mas foi na civilização Celta que ganharam maior destaque. Eram consideradas a ponte entre a terra e o céu, usadas como previsões sobre a vida dos seres humanos e patrimonio dos Druidas, seus guardiões. )
Os primeiros indícios de adoção da árvore-de-natal pelo
cristianismo surgem no norte da Europa, no começo do século
XVI, na mesma região em que habitavam os povos celtas, como
vimos anteriormente.
Para o antigo calendário cristão, o dia 24 de dezembro era
dedicado a Adão e Eva. Era costume nas igrejas se encenar a
história do paraíso e como cenário usava-se uma árvore
carregada de frutos.
Assim, os cristãos começaram a replicar essa tradição em suas
casas, adotando-se a prática cultural de montarem essa alegoria
em suas casas com árvores que, com o passar dos tempos, foram
ficando cada vez mais decoradas.
Somente a partir dos séculos XVII e XVIII este hábito se tornou
popular em grande escala entre os povos germânicos.
Para este povo, o pastor Martinho Lutero, fundador do
protestantismo, tem sido o principal influenciador dessa prática
cultural. Reza a lenda germânica que Lutero ao passear durante
uma noite limpa pela floresta, observou o efeito das estrelas no
topo das árvores e trouxe essa imagem para a sua família na
forma de uma árvore com uma estrela no topo e decorada com
velas.
As Primeiras Árvores de Natal
O primeiro uso documentado de uma árvore nas celebrações de
Natal e Ano Novo que se tem notícia foi na praça da cidade de
Riga, capital da Letônia, no ano de 1510.
Como marco celebrativo, na praça da cidade de Riga existe uma
placa dizendo que aquela foi a primeira árvore de Ano Novo,
sendo que a frase está traduzida em oito idiomas.
Outro registro é de uma pintura da Alemanha em 1521, que
mostra uma árvore sendo levada pelas ruas com um homem
montado num cavalo atrás dela.
O homem está vestido como um
bispo, possivelmente representando São Nicolau (santo que é
relacionado com a inspiração para o Papai Noel).
Há também um registro de uma pequena árvore em Bremen, na
Alemanha, em 1570.
Ela era descrita como uma árvore decorada
com frutas como maçãs, nozes e tâmaras, com doces conhecidos
por pretzels e flores de papel. A árvore era exposta numa casa
aliança, que era um ponto de encontro de uma sociedade de
homens de negócio na cidade de Bremen.
As Árvores de Natal da Família Real
Foi só durante o século XIX que a árvore de Natal se começou a
difundir pelo resto do mundo, muito graças à contribuição da
monarquia britânica.
O príncipe Alberto, o marido de origem alemã da rainha Vitória,
montou uma árvore-de-natal no palácio real britânico. Foi então
fotografada a família real junto à árvore, fotografia
essa que foi publicada na revista “Illustrated London News”, no
Natal de 1846.
Ao contrário da família real anterior, Vitoria era muito popular
com seus súditos, e o que foi feito na corte imediatamente
tornou-se moda, não só na Grã-Bretanha, mas em todos os países
de língua inglesa, se espalhando depois para outras partes do
mundo.
A Árvore de Natal no Brasil
A árvore-de-natal já era um símbolo bem difundido por toda a
Europa, sendo uma prática cultural amplamente adotada pela
grande maioria de famílias cristãs para se comemorar o
nascimento de Cristo.
Todavia, em alguns países que não tiveram
sua origem em povos e tradições nórdicas, a sua introdução foi
mais tardia e resistente, como o caso de Portugal e Itália, onde o
presépio era mais comum.
Foram os europeus que trouxeram a tradição de se montar a
árvore-de-natal para o Brasil, especialmente os imigrantes
alemães.
Os alemães chegaram no Brasil a partir da instalação
das primeiras colônias de imigração, fixando-se no Rio Grande
do Sul e Santa Catarina, posteriormente em outras colônias pelo
Rio de Janeiro, Espirito Santo e Bahia.
As práticas culturais herdadas dos imigrantes alemães nos
revelam um variado leque de tradições, entre as quais, destacam-
se as receitas natalinas, a coroa de advento e a árvore-de-natal e
de como se festejava o natal, temos o
relato de uma alemã que descreve em carta sobre o seu Natal na
Colônia Blumenau, em 1867:
“Nos anos anteriores nossa árvore-de-natal era um arbusto ou
pequena árvore com galhinhos simétricos e que enfeitamos com
pequenas fitas de cores, cortadas de restos de fazenda, com as
quais prendíamos aos ramos as flores das múltiplas orquídeas
que aqui abundam, e pendurávamos, em falta das costumeiras
gulodices (doces, maças e peras) as frutas que nascem aqui, como
bananas, cachos de uvas maduras e várias frutas silvestres.”
(BAUER, 2016)
Práticas Culturais Natalinas dos Imigrantes Alemães
Além da árvore de natal, do presépio e da coroa de advento,
outras tradições natalinas podem ser encontradas entre as
famílias de origem alemã que vivem no Brasil, mas que aos
poucos acabaram perdendo espaço para o papai noel, figura mais
contemporânea.
Um bom exemplo é o Pelznickel, uma criatura que habita as
matas e presenteia as crianças que se comportaram ao longo do
ano. Àquelas que não foram tão disciplinadas, o Pelznickel dá
um susto como forma de repreensão.
Outra tradição alemã antiga é o Christkind, o Cristo Menino.
Embora na Alemanha o Christkind ainda seja bem difundida
(existem até concursos para se escolher anualmente a criança que
representará o Cristo Menino),
No Brasil essa prática cultural
está apenas nas memórias das pessoas mais antigas, sendo pouco
difundida na atualidade.
Precisamos registrar essas memórias e manter, de certa forma,
mais vivas essas tradições, antes que se deem por totalmente
perdidas.
Na época do Natal, mais que apenas decorar nossa casa
para a data, devemos socializar com todos a história e o sentido
desses símbolos como forma de assegurar que as futuras gerações
tenham acesso às informações, e mantenham ainda vivas essas
práticas culturais.
Fonte: Portal do Rancho- Texto de Junei Bauer